No dia em que o governo mobilizou suas lideranças do Congresso para evitar a aprovação de medidas que acarretem impactos fiscais, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou que exista uma pauta bomba.
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"Não tem pauta bomba. Temos uma preocupação com a redução do graus de investimento brasileiro. Não existe esse negócio de que eu sou dono da pauta, que eu pauto de acordo com a minha vontade, de que eu quero retaliar o governo pela minha posição de alinhamento político ser diferente", destacou o deputado no início da noite desta segunda-feira (3), pouco antes do jantar da presidente Dilma Rousseff com líderes e vice-líderes da base.
Na reunião de coordenação política realizada na manhã desta segunda-feira (3) no Palácio do Planalto, governistas acertaram que vão fazer acordos com lideranças da base aliada para evitar a votação dessas propostas que geram novos custos. O assunto também foi tratado em reunião de líderes no Palácio do Jaburu nesta tarde.
Segundo o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o rompimento de Cunha com o governo foi outro tema da reunião, embora, conforme o petista, o Palácio do Planalto não acredite que ele vá trabalhar como oposicionista.
Na Câmara, Cunha destacou que, "independente do alinhamento político", vai buscar a "harmonia". "Não há dificuldade de ter diálogo que seja para o bem do país. Eu não tenho dificuldade nenhuma de manter a harmonia, o que não significa que meu alinhamento político tenha mudado".
A respeito da pauta legislativa, ele comentou que já nesta semana, na quinta, três Comissões Parlamentares de Inquérito serão instaladas: de maus tratos a animais, de crimes cibernéticos e do BNDES. Na próxima semana é a vez da CPI que vai investigar os fundos de pensão.
Segundo ele, ainda haverá conversas para definir as presidências e relatorias. Contudo, especula-se que uma das comissões será presidida pelo DEM -o nome mais cotado é do líder do partido, Mendonça Filho (PE)- e outra, pelo PSDB.
Além disso, estão na pauta desta semana os projetos de decreto legislativo que aprovam as prestações das contas de 1992, 2002 2006 e 2008. De acordo com o peemedebista, as matérias têm um rito especial e precisam passar por dois dias de discussão, que ocorrerão na terça e na quarta, para que o primeiro turno da votação seja na quinta.
Se houver um pedido de urgência aprovado, os textos podem ser votados em segundo turno ainda na quinta. Caso contrário, a votação final fica para a terça-feira da próxima semana, dia 11.
Eduardo Cunha comentou ainda a intenção da presidente Dilma Rousseff de diminuir o número de ministérios. "Sinal de que o governo está se sacrificando para combater o desperdício. Que não corte só os ministérios que não sejam do PT", ironizou.
O presidente da Câmara havia convidado os líderes da oposição para um jantar na residência oficial esta noite. Contudo, afirmou ter remarcado para o almoço de amanhã devido a incompatibilidade de agendas, já que a presidente Dilma Rousseff recebe lideranças em jantar hoje no Palácio da Alvorada.
"Quando estabeleci o convite, a presidente já tinha feito e eu não sabia. Não há razão de fazer dois jantares. Acima de tudo sou uma pessoa bem educada e jamais faria uma falta de gentileza dessa", finalizou Cunha.