O advogado Juarez Cirino dos Santos, que impetrou um mandado de segurança contra a quebra de sigilo bancário e fiscal de José Dirceu, foi barrado na tarde desta quarta-feira (5) ao tentar visitar o cliente na sede da Polícia Federal em Curitiba.
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"Encontraram um novo obstáculo para falarmos com o cliente. Agora os presos só podem receber um advogado por dia", afirmou o defensor.
Na tarde desta quarta, o ex-ministro já havia recebido a advogada Ana Luiza de Souza, que trouxe comida e roupas a Dirceu. Devido a isso, o outro criminalista não pode ver o cliente, conforme disse a Polícia Federal.
Santos afirmou que em março deste ano teve uma reunião com Dirceu em que ficou acertado que entraria com o mandado de segurança no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) para contestar as quebras de sigilo da empresa do petista, a JD Consultoria, e do próprio José Dirceu e de seu irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva.
Os dois foram presos na segunda (3) na 17ª fase da Operação Lava Lato batizada de "Pixuleco".
"Entendemos que a quebra de sigilo é ilegal porque não havia fatos concretos que a justificassem", criticou Santos. "Depois, surgiram as delações inconfiáveis por terem sido feitas em situações de pressão e coerção", emendou.
O mandado de segurança foi negado pelo TRF. O advogado entrou com um recurso em julho para que ele fosse julgado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
De acordo com Santos, era sobre o andamento dessa medida que pretendia falar com Dirceu.
Questionado pela reportagem sobre a atuação de outro escritório na defesa do petista, o advogado dele nas ações da Lava Jato, Roberto Podval, afirmou que Cirino conduz um mandado de segurança. As demais ações continuam com o escritório de Podval.
ESQUEMA
Dirceu foi apontado pelo Ministério Público Federal como um dos responsáveis pela criação do esquema de corrupção na Petrobras.
Para os investigadores, o esquema foi "sistematizado" no governo Lula e reproduziu a prática do mensalão.
Roberto Podval afirmou nesta segunda que os pagamentos recebidos pela empresa de seu cliente referem-se todos a serviços prestados. A prisão de Dirceu não tinha "justificativa jurídica", segundo o defensor, que a classificou como "política".