O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse não haver novidade na tramitação de pedidos de abertura de processos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Eles estão sendo analisados tecnicamente", afirmou.
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O presidente da Câmara explicou que houve processos rejeitados por "vícios de erro formal" e que os processos que sobreviveram à análise técnica seguem o rito normal.
Como orientado por sua defesa, Cunha segue se recusando a falar sobre as investigações da Lava Jato e deixou de emitir opinião sobre a atuação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na semana passada, Janot denunciou Cunha ao Supremo Tribunal Federal por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. Antes da denúncia, o peemedebista tinha chegado a acusar o procurador de pressionar o delator Júlio Camargo a mentir sobre pagamento de propina. "Sobre esse assunto fala meu advogado", esquivou-se o peemedebista nesta segunda.
Temer
O presidente da Câmara disse que o vice-presidente Michel Temer era "sabotado" na articulação política e que sua saída das negociações de "varejo" da política são um "sinal positivo". Segundo fontes, Temer deve permanecer à frente da articulação política em conversas com líderes, mas sem se envolver com liberação de cargos e emendas.
"Não sei se ele efetivamente saiu, mas torço para que seja verdade. Ele foi muito sabotado esse tempo todo, não tinha condição nenhuma de cumprir o trabalho", disse Cunha. "A saída dele da articulação, se confirmada, é um bom sinal para ele", reforçou.
Cunha repetiu ser favorável a que o PMDB desembarque da base de apoio do governo Dilma, como ele já fez unilateralmente, e disse ainda defender que o congresso do PMDB, previsto para novembro, seja adiantado para que essa discussão seja feita dentro do partido.
Sobre ministros peemedebistas deixarem os cargos, Cunha desconversou e disse que isso acontecerá eventualmente se o PMDB decidir deixar a base.
Reforma ministerial
Sobre o anúncio do governo hoje, de cortar dez ministérios, Cunha classificou como um movimento positivo, especialmente em termos de sinalização econômica, mas insuficiente.
O presidente da Câmara destacou ser autor de uma PEC que determina número máximo de 20 ministérios, ante os 39 atuais. "Se reduzirem 10, ainda vão ficar devendo 9 para minha proposta", provocou Cunha. Ele disse esperar que, com a movimentação do governo, se impulsione a tramitação da PEC de sua autoria. "Acho 10 ainda pouco, defendo o número da minha proposta que é 20 no total."
Marta
Cunha disse também considerar positiva a provável vinda de Marta Suplicy para o seu partido, pois é uma "senadora de boa atuação", mas ressalvou que ela não pode vir com "privilégios".
"A vinda de qualquer pessoa pra agregar é sempre positiva, desde que venha dentro do ambiente de convivência, da disputa, da harmonia, para poder ganhar o seu espaço, e não que venha detentora de qualquer prerrogativa ou privilégio", disse.
Reforma tributária
O presidente da Câmara reiterou que seu objetivo é levar a reforma tributária a votação em plenário da Casa até setembro. Segundo ele, a ideia é formular um texto de emenda aglutinativa à PEC de reforma que já passou em comissão especial, o que agilizaria a tramitação.
Cunha participou de um evento com a União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Também estiveram no evento ao lado de Cunha os senadores tucanos José Serra (SP), Aloysio Nunes (SP) e Antonio Anastasia (MG), além do vice-governador Márcio França (PSB), que veio representando o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).