Embora tenha preparado um discurso de negação a mudanças na articulação política, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), admitiu que o vice-presidente, Michel Temer, fará falta nas negociações de dia a dia na Casa.
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"Claro que vou sentir falta no dia a dia aqui dentro, mas ele me disse que eu posso ligar para ele tantas vezes por dia eu precisar", afirmou o deputado.
Temer anunciou sua saída das negociações de emendas e cargos na manhã desta segunda-feira (24) na reunião da coordenação política. O peemedebista disse que pretende ficar apenas com a "macropolítica" e não com o "varejo" no Congresso.
Ao comentar a mudança, Guimarães ressaltou que Temer continua como "articulador do governo". O líder petista negou que haja qualquer tipo de estremecimento entre o vice-presidente e a presidente Dilma Rousseff.
"Ele está em perfeita sintonia com a presidente. Vai continuar cuidando da política, mas o que é mais específico de uma ou outra Casa, quem cuidará são os líderes", ponderou.
Apesar do desejo do vice-presidente, o deputado afirmou que ele deixou as portas abertas para ser procurado quando houver necessidade. Questionado sobre dificuldades em votações, Guimarães disse que ligará para Temer, Padilha, Mercadante e, eventualmente, até para a presidente Dilma.
Na mesma linha do discurso, o líder do governo também negou que o ministro da SAC (Secretaria de Aviação Civil), Eliseu Padilha, vá deixar a articulação política. "O que o Padilha tem reiteradamente dito é que não aguenta trabalhar 48h por dia, ser ministro das duas pastas. Mas disse que vai ficar até o dia que for necessário para consolidar as coisas", ressaltou.
Guimarães comentou ainda a reforma ministerial anunciada esta manhã pela equipe palaciana. Em coletiva, o governo destacou a intenção de reduzir 10 pastas. Hoje, são 39 ministérios.
As conversas neste sentido ocorrem há mais de um mês no Palácio do Planalto e há alguns estudos em andamento, que contemplam desde fusão de pastas, como extinção de outras.
Segundo o deputado petista, a reforma atende a uma demanda da sociedade e está centrada em três princípios: racionalidade administrativa, integração de ações dos ministérios e redução do custo da máquina.
"O governo, no sentido simbólico, está anunciando um conjunto de medidas para se prevenir que a crise, que já está se resolvendo, retorne".
Questionado se o PT aceitaria abrir mão de uma parte de seus ministérios nessa reforma, Guimarães se esquivou: "Pelo bem da governabilidade e necessidade de estabilidade política, a reforma administrativa é vital em um momento como esse".