O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quarta-feira (9) que o governo federal terá dificuldade para aumentar impostos porque perdeu credibilidade junto à população. Segundo o tucano, foi a mesma desconfiança que levou o país a perder o grau de investimento da agência Standard and Poor's.
"[A perda do selo] É um sintoma desse processo. É um mal sinal, de que o que foi conquistado se perdeu", disse o tucano, durante lançamento de seu novo livro, "A miséria da política". FHC afirmou que a falta de credibilidade surge de declarações contraditórias do próprio governo sobre recriação da CPMF e aumento de impostos, entre outros temas.
"Você pode perder a popularidade. Eu perdi muitas vezes. Mas tem que ter credibilidade. Quando o governo começa a ter zigzag, diz uma coisa e faz outra, ele perde credibilidade. A população fica atônita. [...] Só consegue aumentar imposto quem tem credibilidade. Eu fiz a CPMF. Havia credibilidade e teve apoio no Congresso. Agora, qualquer medida desse tipo tem barreira. Essa angústia que estamos vivendo já é um remédio amargo", afirmou ele, em referência a fala da presidente Dilma Rousseff sobre possível aumento de impostos.
IMPEACHMENT - O presidente de honra do PSDB declarou não ver razões para o impeachment da presidente Dilma Rousseff neste momento. Ele diz que não estimulou parlamentares a participar do movimento suprapartidário que pedirá a saída dela da Presidência.
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"Às vezes os governos perdem a condição de governar, por razões políticas ou por ordem criminal. Se ela tivesse [perdido] já tinha caído. Está num processo difícil. Está se vendo que ela está se debatendo para ver se consegue sobreviver. Impeachment precisa ter algo que não seja estimulado, tem que ser algo visível. Por enquanto isso ainda não aconteceu", disse o tucano.
Ele disse que países vizinhos "pararam no tempo" e afirmou "ser esse o caminho do país". Contudo, FHC se disse otimista com o futuro do país.
"Os países perdem o rumo e podem fazer com que percam a história. O que está acontecendo vai nos tirar da jogada ou vamos ter capacidade de voltar a sermos atores no mundo? Vai depender da liderança".