A ex-senadora e ex-ministra Marina Silva disse nesta terça-feira (29) que a Rede Sustentabilidade, seu novo partido recém-registrado pela Justiça Eleitoral, não está dialogando com parlamentares em busca de quantidade, mas de qualidade.
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Nos últimos dias, aderiram à Rede o senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, que saiu do PSOL, os deputados federais Miro Teixeira (RJ), que estava no Pros, Alessandro Molon (RJ), do PT, e Aliel Machado (PR), do PC do B, além da ex-senadora e vereadora em Maceió (AL) Heloísa Helena, que também estava no PSOL.
"A nossa expectativa é que venham aquelas pessoas que tenham identidade programática. Nós não estamos fazendo uma abordagem pensando em quantidade. Nós pensamos em contribuir com a melhora da qualidade na política. Todas as pessoas que estão em diálogo conosco estão dialogando com base no programa da Rede, que se propõe a dar uma contribuição para renovar a política, principalmente na postura", disse.
As declarações foram dadas após uma palestra sobre sustentabilidade, realizada no UniCEUB (Centro Universitário de Brasília). Durante sua fala a uma plateia de estudantes e acadêmicos, Marina voltou a dizer que não é de direita nem de esquerda, e se classificou como "sustentabilista progressista".
Questionada sobre as pretensões eleitorais de Molon e Randolfe, apontados como possíveis candidatos à Prefeitura do Rio e ao governo do Amapá, respectivamente, Marina disse que é um direito deles apresentar-se como candidatos, mas que este não é o momento.
"Essas pessoas não vieram colocando que estavam vindo para a Rede para uma candidatura. Todos os que participam de um partido político têm direito de se colocar como possíveis candidatos, mas, neste momento, eles estão vindo para ajudar a construir o partido."
"A Rede é uma tentativa, como está acontecendo no mundo inteiro, no Chile, no Canadá, na Espanha, nos Estados Unidos, de dar uma contribuição pensando no novo sujeito político. Sabemos como é um partido tradicional, de massa, de quadros, mas um partido em rede é uma construção que se inicia agora, no Brasil e no mundo", disse Marina.
Segundo ela, a política mudou de "dirigida" -por um partido, um líder, um sindicato ou uma igreja- para um "ativismo autoral", em que as pessoas desejam ser "mobilizadoras e protagonistas".
CRÍTICAS AO AJUSTE
Após a palestra, marcada pelo tom de crise -"crise política, crise econômica, crise social e crise de valores", como disse Marina várias vezes-, a ex-ministra criticou o ajuste promovido pelo governo Dilma Rousseff.
"Estamos diante de uma crise profunda, milhões de pessoas perdendo seus empregos, juros altos, inflação alta, falta de credibilidade em relação a uma série de medidas -a toda semana se tem uma medida nova [apresentada pelo governo]-, e o papel mais grave dessa crise é que a presidente Dilma tem um projeto de ajuste para o Brasil, e o partido da própria presidente apresentou um outro projeto criticando o projeto dela", disse.