Cadeia

Procuradoria quer mandar 'prefeita ostentação' para cadeia comum

Lidiane está presa desde segunda-feira (27) em um alojamento do Copo de Bombeiros do Maranhão

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Publicado em 01/10/2015 às 15:40
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Lidiane está presa desde segunda-feira (27) em um alojamento do Copo de Bombeiros do Maranhão - FOTO: Reprodução
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O Ministério Público Federal pediu nesta quarta-feira (30) a transferência de Lidiane Leite, 25, prefeita afastada de Bom Jardim (MA), para a penitenciária feminina de Pedrinhas. O órgão também questiona o local onde a "prefeita ostentação" -como ficou conhecida- está detida.

Lidiane está presa desde segunda-feira (27) em um alojamento do Copo de Bombeiros do Maranhão, num quarto com ar-condicionado, banheiro privativo e janela.

Suspeita de desviar recursos da merenda escolar, Lidiane se entregou à Polícia Federal após ter ficado 39 dias foragida.

Horas depois de Lidiane prestar depoimento, sua defesa conseguiu uma liminar suspendendo a decisão que determinava a transferência da ex-prefeita para Pedrinhas, penitenciária conhecida por violações aos direitos humanos.

A Procuradoria pediu que a Justiça Federal do Maranhão reconsiderasse a decisão que transferiu a ex-prefeita para a sede dos Bombeiros sob alegação de risco a integridade física dela.

O MPF informou que, caso o pedido de reconsideração não seja atendido, apresentará mandado de segurança junto ao Tribunal Regional Federal para questionar o beneficio concedido à ex-prefeita.

Também será pedido o restabelecimento da prisão preventiva dos outros dois investigados no suposto esquema: os ex-secretários Antônio Cesarino (Agricultura) e Beto Rocha (Assuntos Políticos).

Ambos haviam sido detidos em agosto, mas foram liberados após decisão da Justiça.

 

OSTENTAÇÃO

Lidiane ganhou o apelido de "prefeita ostentação" por postar "selfies" ostentando luxo nas redes sociais. Reportagem da Folha de S.Paulo também mostrou que ela chegou a governar, de São Luís (cidade a cerca de 270 km de Bom Jardim), pelo WhatsApp, aplicativo de mensagens pelo celular.

A prefeita, que foi afastada do cargo pela Câmara Municipal no início deste mês, estava foragida desde a deflagração da Operação Éden, da Polícia Federal, em 20 de agosto.

Ela é suspeita de desviar recursos que podem chegar a R$ 15 milhões da área da educação da cidade, onde há escolas funcionando debaixo de árvores. Deve responder pelos crimes de peculato, fraude à licitação e associação criminosa.

O inquérito da Polícia Federal que apurou o desvio de recursos públicos em Bom Jardim foi encaminhado à Justiça Federal nesta terça-feira (29).

 

PREFEITA POR ACASO

Eleita chefe do Executivo na cidade aos 22 anos, Lidiane chegou ao cargo pelo PRB por acaso. A dias da eleição de 2012, assumiu a candidatura no lugar do namorado, o pecuarista Beto Rocha, barrado pela Lei da Ficha Limpa.

Após assumir a função, ela nomeou o namorado como seu secretário de Assuntos Políticos. Preso em agosto pela Polícia Federal, Beto é quem tocava o dia a dia da prefeitura, segundo políticos locais.

Antes, Lidiane vendia leite na porta de casa e ajudava a mãe em uma loja de roupas. Deixou a vida de classe média após conhecer Beto, que tem patrimônio avaliado em quase R$ 14 milhões, segundo a Justiça Eleitoral.

Com novo padrão de vida, passou a ostentar luxo nas redes sociais. Postava fotos em festas, com bebidas caras e afirmava a quem a criticava que comprava "o que quiser" e que seu dinheiro estava "sobrando".

Enquanto tocava a administração da prefeitura, Lidiane passou a enfrentar acusações de corrupção. Foi afastada do cargo três vezes, mas voltou amparada por decisões judiciais provisórias.

Ela responde a ações por cortar salários dos professores, não cumprir o calendário escolar e não regularizar o fornecimento de merenda.

Posteriormente ao pedido de prisão de Lidiane, o PRB anunciou a desfiliação da prefeita foragida.

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