Uma eventual rejeição das contas da presidente Dilma Rousseff pelo TCU (Tribunal de Contas da União) pode, na avaliação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), "turbinar" um possível processo de impeachment contra ela no Congresso Nacional.
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"Acho que ainda tem um conteúdo de, politicamente, turbinar", afirmou o peemedebista na tarde desta sexta (2).
O julgamento do relatório do ministro do TCU Augusto Nardes sobre as contas de 2014 da presidente Dilma está marcado para a próxima quarta-feira (7).
A oposição tem apostado que as chamadas pedalas fiscais podem ser usadas como mais um argumento para pedir o afastamento da petista da Presidência.
Cunha, que respondeu a um questionamento da oposição no qual evitou tratar de questões de mérito, inclusive não respondeu se questões relacionadas a mandatos anteriores, caso das chamadas pedalas fiscais que o TCU vai julgar na próxima semana.
"Se tiver um parecer que provocar a rejeição das contas e isso for aprovado pelo Congresso, provavelmente será um outro pedido e, mesmo assim, ficará aquela discussão sobre se tratar do mandato anterior".
REFORMA
Para o presidente da Câmara, as mudanças na Esplanada dos Ministérios anunciadas nesta sexta pela presidente Dilma Rousseff não interferem na governabilidade do Planalto no Congresso.
Da mesma forma, Cunha não acredita que a ampliação do espaço do PMDB no governo garanta mais vitórias ao governo em votações, especialmente na Câmara dos Deputados, onde a base conflagrada tem sofrido sucessivas derrotas em deliberações no plenário.
"Não mudou nada. Não é por dar mais ministério ou menos que se passou a ter mais PMDB dentro do governo. Dentro do partido, quem se posiciona favorável, continuará e quem é contra também. Essa reforma não teve o condão de trazer quem é contra".
Para Cunha, a mudança ocorre no PT. "O governo voltou a privilegiar o agrupamento do partido do governo que havia sido alijado e que é mais afeito ao dialogo. Essa reforma seguiu para dar uma guinada e voltar para o centro do poder a corrente do PT que havia sido afastada".
O presidente elogiou o que considerou "um primeiro sinal para mostrar economia", mas afirmou que ele "ainda é pífio para o tamanho do rombo nas contas". "Falaram que iam reduzir 10 ministérios. A minha proposta era que reduzissem 19, mas já é um sinal positivo de que vai cortar três mil cargos, embora pudesse cortar mais. Reduzir o salário em 10% também é uma medida simbólica", destacou.
Apesar de não acreditar em mudanças na base com a reforma anunciada, Cunha pondera que "só o tempo vai responder". "É claro que não é só dar ministério que é fator fundamental para manter uma base. É o conjunto da obra. Pode ser que eles consigam melhorar o relacionamento com a parte que estava insatisfeita. Mas pode ser que não. Coisa que só o tempo vai responder. Mas não é pela reforma em si".