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Aceito até críticas exageradas e injustas, diz Mercadante em discurso

Aliados reclamavam da falta de diálogo e da dificuldade em negociar com o ministro

Da Folhapress
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Publicado em 07/10/2015 às 15:31
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom Agência Brasil
Aliados reclamavam da falta de diálogo e da dificuldade em negociar com o ministro - FOTO: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom Agência Brasil
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Durante seu último discurso como ministro-chefe da Casa Civil, nesta quarta-feira (7) em Brasília, Aloizio Mercadante disse que é capaz de suportar críticas "mesmo quando são exageradas e injustas" e pediu mais uma vez tempo para que o novo governo da presidente Dilma Rousseff mostre resultados positivos.

"Aceitamos as críticas porque elas nos ajudam a corrigir os caminhos e as suportamos com paciência, mesmo quando são exageradas e injustas", declarou Mercadante.

Braço direito de Dilma nos primeiros nove meses do segundo mandado, o ministro reconheceu que o país "passa por um período de turbulência política e econômica" mas ponderou que "é muito cedo" para se aferir resultados do governo. Segundo Mercadante, o ajuste fiscal e o diálogo no âmbito político são a fórmula para que o Brasil retome o crescimento. "O futuro é promissor", afirmou.

Em um recado claro a aliados que o queriam fora do Palácio do Planalto, o ministro disse que não guarda "rancores" porque "quem está empenhado na construção de um país melhor e mais democrático não pode ceder à mediocridade autoritária e estéril do ressentimento e do ódio".

A presidente Dilma, por sua vez, cedeu a pressões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de setores do PT e do PMDB e tirou Mercadante do coração do governo, colocando-o mais uma vez à frente do Ministério da Educação.

Em seu lugar, assumiu o ministro Jaques Wagner, que estava no comando do Ministério da Defesa e é tido por Lula e aliados como "mais hábil" que seu antecessor para a articulação política do governo em meio à crise.

"Tenho orgulho de servir esse governo em qualquer função julgada necessária. Não me guio por cargos ou honrarias. Meu mote é implantar um projeto histórico e servir ao povo brasileiro", disse Mercadante, que citou o nome de Lula somente uma vez em seu discurso de quase meia hora.

Aliados reclamavam da falta de diálogo e da dificuldade em negociar com o ministro, que teve problemas inclusive com o vice-presidente Michel Temer quando este estava responsável pela negociação de cargos e conversas com parlamentares para as votações no Congresso.

Empossado, Wagner falou por pouco tempo, mas também deu seu recado, que foi interpretado por aliados como uma mensagem a Mercadante. "A humildade é a melhor parceira daqueles que têm desafios profundos para superar em benefício de seu país e de sua gente. Aprendi cedo que se Deus nos deu dois ouvidos e apenas uma boca é importante, para aqueles que querem liderar um processo, ouvir pelo menos o dobro do que falam".

"Não chego à Casa Civil com valentia, porque não é o meu estilo. Mas também não chego com medo, ao contrário, com coragem de enfrentar os desafios que me cabem nesta tarefa", completou.

Wagner afirmou ainda que a articulação política, "muitas vezes, gera incompreensões", mas afirmou que estará aberto ao diálogo, inclusive com a oposição.

 

GOLPE

Ainda durante sua fala, Mercadante voltou a falar em golpe ao tratar dos movimentos que pedem a abertura de um processo de impeachment contra Dilma e disse que setores da oposição "não aceitaram a derrota nas urnas".

"Tenho pena, muita pena daqueles que, por apostarem no quanto pior, melhor, manifestam desprezo a esse novo Brasil forte e democrático. Saem por aí dizendo que o Brasil acabou, recusam-se a reconhecer as conquistas dos últimos 12 anos [...] acenam desavergonhadamente com o golpe e o terceiro turno, manifestam, sobretudo, desprezo à democracia do Brasil e ao voto popular. Ora, não há e nunca haverá solução para os problemas brasileiros fora da normalidade democrática e do Estado democrático de direito", afirmou.

"Não imaginava, contudo, que o ano de 2014 se prolongaria até hoje [...] Parte da oposição não percebeu sequer que fora derrotada legitimamente nas urnas", completou.

Segundo o ministro, o clima político que se instaurou no país após a disputa presidencial do ano passado é um "quase vale-tudo sem limites". "Nesse vale-tudo, não percebem que ameaçam tornar a democracia um vale-nada".

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