O procurador federal Deltan Dallagnol, que coordena a força-tarefa da Operação Lava Jato, disse nesta sexta-feira (9) que os prejuízos causados pelo esquema de corrupção descoberto na Petrobras superam os R$ 10 bilhões e podem chegar aos R$ 20 bilhões.
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Segundo ele, a estimativa inclui as propinas pagas a executivos e políticos e o superfaturamento nas obras da estatal contratadas pelo cartel de empreiteiras.
Em apresentação no 21º Congresso Nacional do Ministério Público, no Rio, ele mostrou uma projeção de perdas de R$ 6,2 bilhões com a corrupção na Petrobras, valor equivalente à estimativa feita pela estatal em seu balanço financeiro. "Isso é só a ponta do iceberg", afirmou.
"Temos corrupção descoberta em outros órgãos públicos além da Petrobras, como Ministério da Saúde, do Planejamento, Caixa Econômica Federal, Eletronuclear e outros casos ainda em investigação", disse Dallagnol, em entrevista após sua palestra, na qual apresentou a campanha "dez medidas contra a corrupção".
Pelas suas contas, o prejuízo com o pagamento de propinas pela Petrobras supera os R$ 10 bilhões. Considerando o sobrepreço nas obras contratadas, o rombo pode chegar a R$ 20 bilhões.
Ele citou como exemplo o resultado de análises feitas sobre um contrato da Camargo Correa, de R$ 1,5 bilhão, que identificaram sobrepreço de R$ 600 milhões. "Quase metade foi superfaturado", comentou.
Dallagnol voltou a defender o uso de colaboração premiada nas investigações da Lava Jato. "Antes da primeira colaboração, era uma investigação de R$ 26 milhões. Depois das colaborações, temos uma investigação envolvendo mais de R$ 10 bilhões."
O procurador, que é porta-voz da campanha "dez medidas contra a corrupção", pediu empenho dos colegas presentes no plenário para angariar assinaturas para transformar a proposta em, projeto de lei popular. Às 14h15 desta sexta, o número de assinaturas era 381.524, segundo o contador do site da campanha.
São necessárias mais de 1,5 milhão de assinaturas para propor a lei.