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Para líderes e integrantes do Conselho de Ética da Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha, deve atrelar o calendário do impeachment da presidente Dilma Rousseff ao da tramitação do processo que pede no conselho a sua cassação.
A avaliação nos bastidores da Câmara é a de que Cunha deve segurar sua decisão sobre a abertura do processo de impedimento contra a petista quando se sentir acuado pelo andamento dos trabalhos do colegiado, caso a negociação de apoio que vem sendo feita com o governo não surta o efeito desejado pelo peemedebista.
Na quarta-feira (14), o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), afirmou que a votação do relatório deve acontecer até o final deste ano e que não haverá privilégios. "Cunha é presidente da Câmara e o presidente do Conselho sou eu. Em hipótese alguma haverá privilégio. Processo será pautado por segurança, lealdade e justiça".
Segundo Araújo, a ideia é que o processo acabe neste ano. "Acho que está mais propenso a acabar este ano. Porque é um processo que a sociedade reclama, nós todos queremos (a apuração) e o Conselho de Ética não quer ficar com esse problema na mão."
Regimentalmente, o Conselho de Ética tem até 90 dias para concluir o processo, mas Araújo quer encerrar os trabalhos ainda neste ano. Pelo cronograma do deputado, a primeira reunião acontece em menos de duas semanas. Nela serão sorteados três integrantes do Conselho, entre os quais o presidente do colegiado escolherá o relator do processo.
De fora
O parlamentar destacou que devem ficar de fora do sorteio pelo menos três deputados, que são do PMDB ou do Rio de Janeiro, mesmos partido e Estado de Cunha. Araújo também pediu que o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também não participe do sorteio por ter disputado a presidência da Câmara.
O processo contra Cunha será o primeiro trabalho da atual formação do Conselho de Ética. O colegiado tem 21 titulares e é comandado por José Carlos Araújo, que venceu Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).
O grupo do qual faz parte o PMDB tem nove representantes. O bloco do PSDB, quatro. Já o bloco do governo tem sete, sendo três do PT. O presidente nacional do partido, Rui Falcão, é quem vai ditar o comportamento a ser seguido pelos petistas.
Opositores fazem pouco caso do apoio negociado pelo PT. "O PT falar que vai dar isso, vai dar aquilo, não significa nada. Se o PT tivesse controle sobre sua bancada, ninguém teria assinado o requerimento", disse o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SP).