Após virem à tona novas notícias das contas secretas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Suíça, o deputado Silvio Costa (PSC-PE) está sugerindo aos líderes dos 28 partidos com representação na Câmara dos Deputados que se unam pelo afastamento do peemedebista do cargo.
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Vice-líder do governo na Câmara, ele fez questão de destacar que a iniciativa é de cunho pessoal, como parlamentar de oposição a Cunha. "Desde que ele era o todo poderoso da Câmara, queridinho de 80% da imprensa, sou contrário a ele. Não votei nele, porque sei quem ele é", afirmou.
Nesta sexta-feira ele deu início a uma empreitada de telefonemas e pede que eles elaborem um documento conjunto, assinado pelos líderes e vice-líderes partidários, pedindo o afastamento de Cunha da Presidência "por motivos óbvios".
"Ele negou o tempo todo que não tinha conta. Agora aparece extrato. Acho que não dá mais nem para esperar o chamado tempo regimental. Agora é uma questão da Câmara, uma situação muito inusitada. O presidente da Câmara de uma das maiores democracias do mundo com conta na Suíça...", completou Costa.
O deputado, que já havia conversado com alguns deputados até esta tarde, não quis revelar os nomes nem o posicionamento de cada um deles. Segundo Silvio Costa, todos têm sido unânimes em dizer que é importante esperar para ver o que Cunha vai dizer.
O presidente da Câmara deve divulgar, em instantes, uma nota por meio de sua assessoria de imprensa para explicar as novidades do caso das contas secretas na Suíça.
Cópia de documentação exibida no "Jornal Hoje", da TV Globo, nesta sexta-feira (16), mostram que as contas secretas que Cunha alega não existir foram abertas com cópia do passaporte dele, assinatura e o endereço residencial do peemedebista.
Semana passada, a Folha de S.Paulo revelou, com base em fontes próximas ao caso, o uso de documentos pessoais de Cunha e de familiares para a abertura das contas.
O endereço residencial do presidente da Câmara no Rio foi usado para a abertura das quatro contas atribuídas a ele na Suíça. Duas delas foram fechadas após as primeiras prisões da Operação Lava Jato no ano passado.
Nesta quinta-feira (15), o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a abertura de inquérito para que a PGR apure as suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro.
Como informou a Folha, as informações repassadas pela PGR ao STF indicam que Eduardo Cunha e sua esposa, Cláudia Cruz, movimentaram milhões em contas no exterior e contam com uma frota de carros -que inclui veículo de luxo- avaliada em quase R$ 1 milhão à disposição no Rio de Janeiro.
Segundo o Ministério Público, Cunha abriu a conta no exterior nos anos 90. Os procuradores afirmam ainda que, ao abrir a conta em um banco suíço, a mulher do deputado afirmou que "era dona de casa".
A evolução patrimonial do casal é um dos indícios apontados pelo Ministério Público Federal para justificar a investigação do deputado e familiares por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, fruto de desvios de recursos da Petrobras.
A abertura do inquérito foi autorizada pelo Supremo. Cunha e Cláudia serão investigados por corrupção e lavagem de dinheiro.