No dia que a oposição protocolou novo pedido de impeachment na Câmara contra a presidente Dilma Rousseff, com apoio do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o País precisa de uma nova estrutura de comando e que simplesmente trocar o presidente através do impeachment não é a solução.
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"É preciso mudar a estrutura de comando, só mudar a pessoa não resolve", disse sem citar diretamente o nome de Dilma. Fernando Henrique disse que o Brasil passa por uma crise de legitimidade, que também é vista em outros países. Segundo ele, o processo político se fragmentou e os partidos perderam valores que os unifiquem, como no passado quando havia legendas nacionalistas, progressistas, desenvolvimentistas etc.
De acordo com o ex-presidente, o Brasil passa por crise fiscal, por uma crise de legitimidade na política e o início de um mal estar social, por causa do desemprego. Com a crise de legitimidade, o ex-presidente destacou que as pessoas que tomam decisões, no governo, não conseguem contar com apoio popular e loteiam o Estado.
"Mesmo que o ministro da Fazenda tenha competência e diga é preciso fazer isso e aquilo, o Congresso não faz. Sem liderança a gente não sai desse processo." FHC lamentou que, no atual cenário, o governo não consiga impor uma agenda nacional para tirar o País da crise. "Nesse momento há uma paralisação da agenda governamental", afirmou.
Crise de 2008
O ex-presidente também comentou sobre a crise de 2008 e disse que o Brasil teve uma primeira reação adequada à crise financeira internacional de 2008, estimulando o crédito como fizeram por exemplo os Estados Unidos, mas não soube parar a política de estímulo ao consumo.
"Isso criou a ilusão que inventamos a pólvora", disse em palestra num congresso de tecnologia da informação em São Paulo. "Mais consumo e mais crédito sem investimento e sem disciplina financeira não dá certo", completou. O ex-presidente tucano argumentou que, no mundo atual, ter responsabilidade fiscal é imperioso a todos os países.
"Quando você perde a noção da responsabilidade fiscal você cria problemas macro, é o que criamos. Hoje ninguém sabe mais o tamanho do déficit no Brasil", afirmou ao lembrar uma frase de Pedro Malan, seu ministro da Fazenda, que no Brasil o problema é que não é o futuro imprevisível, mas o passado.
Segundo Fernando Henrique, o País vive um momento de "grande angústia", devido também à falta de clareza dos números da economia hoje. Sem citar o PT ou a presidente Dilma Rousseff diretamente - alegando no discurso que não quer personalizar - FHC disse que o Brasil errou ao insistir em políticas de conteúdo nacional e em uma participação mínima de 30% da Petrobras na exploração do pré-sal. Em sua visão, isso atrasou o País no desenvolvimento tecnológico e ganho de produtividade.