Citado em relatório da Operação Zelotes, Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, negou ter recebido recursos ilicitamente no período em que trabalhou no Palácio do Planalto.
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"Nunca recebi dinheiro nenhum. Eu tenho uma chácara, um apartamento para pagar em vinte anos e uma filha falida, a quem tenho de ajudar. Estão fazendo meras e tristes interpretações. Quero que comprovem se recebi um tostão", afirmou.
Carvalho, que também ocupou a Secretaria-geral da Presidência durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, admite que conhece um dos suspeitos presos pela Polícia Federal: Mauro Marcondes, sócio da empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos.
"Quando era chefe de gabinete, eu o recebia para tratar de temas relativos a ele ter uma audiência com o presidente Lula. Vinha demandar interesses do setor automobilístico, algo normal. Nunca o encontrei fora do meu gabinete", disse.
Carvalho afirma que Mauro Marcondes conhece Lula de longa data, já que o empresário negociava com o ex-presidente desde a época em que Lula era metalúrgico. Segundo o ex-ministro, Marcondes atuava em nome da indústria nas conversas com os sindicalistas.
"Era um cara que Lula conhecia bastante. Agora, não sei se eram amigos, de frequentar a casa. Isso eu não sei", afirmou Gilberto Carvalho.
Ele confirma que, num dos encontros, em 2013, Marcondes pediu que Carvalho ajudasse na renovação da medida provisória que concedia benefícios à indústria automotiva.
"Eu disse que não era da minha área e que poderia ver se o ministro Guido (Mantega, da Fazenda, à época) poderia recebê-lo, mas confesso que esqueci (de fazer o contato) e depois soube que ele já estava negociando na Fazenda", conta o ex-ministro.
Ele argumenta que as MPs não passavam por sua alçada, tanto na gestão Lula quanto durante o governo Dilma.
De acordo com Carvalho, que prestou depoimento à Polícia Federal pela manhã, a delegada o perguntou se já havia recebido algum presente de Marcondes.
"Na hora, graças a Deus, eu lembrei: quando adotei minhas duas filhas, em 2009, ele enviou duas bonecas para elas. Pelo que entendi, elas não tinham valor nenhum", diz o ex-ministro.
Ele sustenta ainda que os investigadores fazendo acusações sem provas. "Eles pegaram esse papeis (em apreensões), sem terem falado comigo, e fizeram determinadas interpretações", acusou.
Cita, por exemplo, quem um determinado bilhete apreendido pela PF citava uma reunião com Gilberto Carvalho. "Nessa data que diz o bilhete eu estava com o Lula em Roma", argumenta o ex-ministro.