Contrariando a Polícia Federal, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou um novo parecer na noite desta terça-feira (27) ao STF (Supremo Tribunal Federal) mantendo o pedido de arquivamento do inquérito que investiga se o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) tem ligação com a Lava Jato.
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Em agosto, Janot já havia encaminhado ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, pedido para encerrar as apurações sobre a eventual participação do tucano no esquema de corrupção da Petrobras por falta de provas.
Na sequência, a Polícia Federal entregou um relatório ao ministro sugerindo o prosseguimento das investigações sobre o senador. A PF argumentou ter recebido novas informações que não eram de conhecimento de Janot quando o chefe do Ministério Público fez seu pedido de arquivamento. A Polícia Federal ressaltou que os dados não são conclusivos, mas que as dúvidas precisam ser esgotadas.
A reportagem apurou que Janot considerou que os novos dados apresentados pela PF não justificam a prorrogação do inquérito. Os ministros do STF têm adotado como norma confirmar o arquivamento do inquérito quando o pedido é feito pelo procurador-geral. A situação do tucano será definida por Teori.
Segundo a PF, a principal novidade do caso seria um e-mail, acompanhado de anexos, enviado em janeiro por uma moradora de Minas Gerais ao Gabinete Pessoal da presidente Dilma Rousseff.
A Presidência, no mesmo mês, reenviou a informação, classificada como "correspondência de cidadã", ao Ministério da Justiça, que a encaminhou à PF para averiguação.
O e-mail aponta qual seria a casa de Belo Horizonte em que o policial federal Jayme Oliveira Filho, o Careca, homem ligado ao doleiro Alberto Youssef, teria entregue R$ 1 milhão, em 2010.
Inicialmente, Careca não soube dizer para qual político entregou o dinheiro. Depois, quando a polícia exibiu uma foto de Anastasia, ele disse que a pessoa era "muito parecida" com o senador.
Youssef não confirmou a informação e, em depoimentos posteriores, Careca permaneceu em silêncio.
A mensagem eletrônica foi objeto de um relatório da PF de Minas, também agora anexado aos autos. Os policiais concluíram pela "compatibilidade entre a narrativa de Jayme e o endereço indicado" na comunicação à Presidência.
O e-mail e o resultado do trabalho de checagem da PF só chegaram no último dia 25 ao grupo de trabalho montado pela PF em Brasília para tocar os inquéritos que apuram envolvimento de autoridades com foro privilegiado no caso Lava Jato, dois dias antes do parecer de Janot.