Estrela petista

Lula completa 70 anos com desafio de recuperar imagem pública

Ex-presidente passa por momento difícil em sua trajetória política

Franco Benites
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Franco Benites
Publicado em 27/10/2015 às 6:20
Helia Scheppa/Acervo JC Imagem
Ex-presidente passa por momento difícil em sua trajetória política - FOTO: Helia Scheppa/Acervo JC Imagem
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Na reta final da campanha presidencial de 2014, o ex-presidente Lula (PT) lembrou, por diversas, que faria aniversário um dia depois da votação do segundo turno e pediu em comícios pelo País que a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) fosse o seu presente. No dia 27 de outubro, uma segunda-feira, ela amanheceu reeleita e ele celebrou 69 anos com mais uma conquista polítca. Nesta terça-feira, um ano depois, o pernambucano completa 70 anos de um jeito que dificilmente imaginou:  envolvido na operação Lava Jato e com a imagem desgastada perante parte da opinião pública como aponta uma pesquisa Ibope divulgada ontem.

Como se não bastassem esses problemas, um dia antes de fazer aniversário, o ex-presidente viu seu filho Luis Cláudio Lula da Silva ficar no centro da investigação federal da operação Zelotes. Por conta do cenário adverso, ao contrário de épocas passadas, o petista não programou celebrações públicas. “Não há dúvida de que é um dos momentos mais complicados da trajetória de Lula. A trajetória dele sempre foi ligada ao PT e o partido  vem sendo questionado”, aponta o cientista político Wagner de Melo Romão, da Universidade de Campinas (Unicamp).

O cientista político Mauro Soares, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explica a razão de  Lula  não fazer sucesso como antes. “Toda figura política se desgasta por conta da exposição. Não há como  ter a mesma influência de quando era presidente. A crise política do segundo governo Dilma também mina, em alguma medida, a envergadura da imagem dele”, avalia.

A oposição ao PT quer aproveitar o momento atual para desconstruir a figura de Lula, fato que não conseguiu nos últimos anos. “Assim fez o PT em relação a FHC e ao PSDB na década de 1990. Agora, as circunstâncias favorecem um movimento  propício ao revide tucano”, diz o cientista político Juliano Domingues, da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

Os analista alertam que não se pode subestimar a força de um ex-líder sindical que superou três derrotas eleitorais seguidas e, uma vez presidente do Brasil, convertou-se em uma liderança  respeitada mundialmente. “Não descartaria a influênca de Lula apesar dessa derrocada porque ele está longe de ser uma figura desimportante. É acionado pelo governo em momentos de crise”, destaca Mauro Soares. “Dada a visibilidade dos casos de corrupção, ele se manteve como uma figura central porque não há nenhuma comprovação de crime por parte dele. Ele se consagrou como liderança de um campo de esquerda e conseguiu ampliar sua influência além do PT”, completa Wagner de Melo Romão.

Dentro de setores do PT, a aposta é que Lula completará 73 anos em 2018 eleito presidente da República mais um vez. Para isso, além de superar as acusações que lhe são direcionadas, ele precisará torcer pela recuperação da popularidade do governo Dilma ou conseguir desvincular sua imagem da presidente. 

“É razoável pensar que a situação do governo reflete em um desgate da imagem de Lula. Além de ser do PT, as candidaturas da presidente foram endossadas por ele. Não por acaso, recentes declarações suas têm demonstrado um distanciamento do governo. Parece um movimento com a intenção de preservar a imagem dele próprio e do PT em meio à agenda negativa da presidência da República”, afirma Juliano Domingues.

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