Alvo de investigações que envolvem inclusive seu filho caçula, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (29) que "vai sobreviver" ao que chamou de "três anos de muita pancadaria", em referência indireta a sua possível candidatura à Presidência da República em 2018.
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"Ninguém precisa ficar com pena. Aprendi com a vida a enfrentar adversidade. Se o objetivo é truncar qualquer perspectiva de futuro, então vão ser três anos de muita pancadaria. E, podem ficar certos, eu vou sobreviver", disse Lula em discurso de mais de uma hora diante da cúpula do PT, em Brasília.
Nesta segunda-feira (26), a Polícia Federal realizou mandado de busca e apreensão nos escritórios que sediam a LFT Marketing Esportivo e Touchdown Promoção Eventos Esportivos, empresas de Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente. A busca foi feita no âmbito da Operação Zelotes, que investiga um esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), vinculado ao Ministério da Fazenda.
Frente às investigações, Lula ironizou as ações da PF, do Ministério Público Federal e a delação de Fernando Baiano, que afirmou que a nora do ex-presidente recebeu dinheiro de propina do esquema de corrupção na Petrobras.
"É tudo muito incerto. Denúncias contra o presidente da Câmara, denúncias contra o presidente do Senado, denúncia contra o filho do Lula, denúncia contra Lula. Eu tenho mais três filhos que não foram denunciados, sete netos e uma nora que está grávida. Porra, não vai terminar nunca isso? E me criaram um problema desgraçado. Disseram que uma nora recebeu R$ 2 milhões. Aí vão perguntar quem está rico na família. Daqui a pouco uma nora entra com um processo contra a outra", declarou sob risos da plateia formada por dirigentes do PT.
Em documento elaborado pela cúpula do partido, que pode sofrer alterações antes de ser divulgado nesta quinta, o PT pede que a militância petista saia em defesa de Lula e de seu "legado", afirmando que o ex-presidente se tornou "alvo prioritário de armações que se multiplicam em núcleos da Polícia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário vinculados a operações supostamente anticorrupção".
"Vazamentos seletivos, prisões abusivas, investigações plenas de atropelo e denúncias baseadas em delações arrancadas a fórceps e sem provas comprobatórias, entre outros eventos, revelam a apropriação de destacamentos repressivos e judiciais por grupos subordinados ao antipetismo, que atuam com o intuito de difamar o principal partido da classe trabalhadora, seus dirigentes e o maior líder da história brasileira".
A empresa do filho de Lula é suspeita de ter recebido repasses da Marcondes & Mautoni, firma de lobistas que atuaram na aprovação de uma medida provisória que prorrogou a isenção de imposto para a indústria automobilística. A Marcondes pagou R$ 2,4 milhões à empresa de Luis Cláudio. Aliados do filho de Lula dizem que ele tem notas que comprovam o serviço prestado, mas os recibos ainda não vieram a público.