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Contrariando a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República pediu nesta quinta-feira (29) que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) dê continuidade ao inquérito que investiga se há ligação do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e de seu antecessor, Sérgio Cabral (PMDB), no esquema de corrupção da Petrobras.
O parecer enviado pela vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, sustenta que "há dados que necessitam de esclarecimento complementares", como anotações do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, para avaliar se propina da Petrobras abasteceu a campanha de Cabral ao governo do Rio, em 2010, quando Pezão era vice na chapa.
Em setembro, a PF enviou relatório ao STJ concluindo que não foram encontradas provas de crimes praticados pelos peemedebistas e pelo ex-chefe da Casa Civil fluminense Regis Fischer, que também estava sendo investigado, pedindo o arquivamento do caso. Os três negam ligação com o esquema.
Relator da Lava Jato, o ministro Luís Felipe Salomão decidirá a situação do inquérito. A tendência é que acolha a manifestação da PGR.
Segundo a Procuradoria, entre os elementos que justificam a prorrogação das investigações estão anotações encontradas na casa do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que está preso na Lava Jato.
Os investigadores acharam documentos com orientações para respostas a possíveis questionamentos relacionados ao caso dos peemedebistas no STJ. Para a Procuradoria, a Odebrecht sugere "uma preparação prévia que a empresa fez aos diretores antes" da tomada de depoimentos da Polícia Federal. A construtora chegou a doar em 2010 para a campanha R$ 200 mil.
Em um depoimento recente o doleiro Alberto Yousseff reiterou que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa "lhe incumbiu de repassar propinas arrecadadas dos prestadores de serviços da Petrobras a campanha eleitoral do PMDB do governo do Rio".
Ela Wiecko sustenta ainda que é preciso avançar sobre os elementos que confirmam uma reunião no Hotel Caesar Park, em Ipanema, no Rio, na qual Paulo Roberto Costa aponta que os peemedebistas aturam para solicitar e receber, ilegalmente, R$ 30 milhões de empresas contratadas pela estatal petrolífera para construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
O encontro teria ocorrido no primeiro semestre de 2010 em um dos quartos do hotel, com participação de representantes das empresas Skanska, Techint e Alusa.
"A apuração realizada até o momento confirmou a informação de Paulo Roberto sobre reunião no hotel", diz a procuradoria a partir das declarações de diretores da Skanska e Techint.
Dirigente da Alusa disse não se recordar do encontro, mas destacou que fez transferência de R$ 500 mil para a campanha.
"As circunstâncias dessa transferência financeira, a identificação dos responsáveis pela doação e o aprofundamento junto a outros diretores de informações sobre eventuais contratos da empresa com o Estado do Rio devem ser melhor detalhados", completou Ela Wiecko.
A Procuradoria lembra ainda que Paulo Roberto atuou nos desvios também com sustentação política do PMDB.