Entrevista

'Dilma não tem vocação para conversa', diz FHC

Durante sua fala, o tucano fez diversas críticas à habilidade de liderança da petista no contexto de crise

Da Folhapress
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Publicado em 30/10/2015 às 22:37
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Durante sua fala, o tucano fez diversas críticas à habilidade de liderança da petista no contexto de crise - FOTO: Foto; Geraldo Magela/ Agência Senado
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta sexta-feira (30) que a atual presidente da República, Dilma Rousseff (PT), não tem vocação para conversa.

"Ela [Dilma] não tem a vocação para a conversa. Com o congresso. Política é conversa", afirmou, em entrevista ao entrevista ao jornalista Roberto D'Avila na GloboNews.

Durante sua fala, o tucano fez diversas críticas à habilidade de liderança da petista no contexto de crise.

Narrou, como exemplo, uma ocasião em que diz ter sido procurado pelo ministro da Justiça [José Eduardo Cardozo] "porque havia possibilidade de uma reforma política". De acordo com FHC, a conversa não vingou pois "Dilma mudou de orientação muito rapidamente".

"Qual o ponto firme que permita você levantar o edifício da construção?", perguntou.

"Estamos caminhando para uma situação crescentemente difícil, por causa, por um lado da crise econômica e, por outro lado, pela Lava Jato", disse. "Você tem que mexer em um monte de coisa para provocar um novo consenso. A crise fundamentalmente o que é? É falta de confiança. Por que não se faz nada? Porque ninguém está confiando que vá melhorar. Então tem que abrir um horizonte de apoios que possam mostrar a todos, e lá fora também, que o país sabe para onde vai."

Para FHC, cabe ao presidente expressar um rumo para o país e convencer o Congresso a seguir o caminho delineado.

"Sozinho você não faz", disse, acrescentando que Dilma está nessa situação.

O tucano admitiu que a situação da presidente não é fácil: "O sistema que nós montamos -político, partidário, eleitoral- fracassou. Não pode ter 30 partidos e 39 ministérios. Como é que você faz com trinta partidos?"

Há, atualmente, 35 partidos no Brasil. Até a reforma ministerial, no início do mês, o governo Dilma mantinha 39 órgãos com status de ministério. Foram cortadas oito pastas.

LULA

FHC insinuou que seu sucessor, o ex-presidente Lula (PT), possa ser atingido pela Operação Lava Jato, da Polícia Federa.

Após falar da importância de ser conciliador, foi perguntado sobre se conversaria com Lula.

"É preciso esperar [para ver] quem estará em pé [após a Lava Jato]", porque as coisas têm que ser passadas a limpo", disse.

Em seguida, afirmou que o PT é um partido que gosta de hegemonia: "O PT é um partido importante, então você vai ter que conversar com o PT. Está no poder -mais ou menos. Por isso, pode conversar melhor. Se estivessem totalmente no poder, como eles gostam de hegemonia, eles conversariam de cima para baixo."

O tucano também criticou o uso da expressão "herança maldita" por governantes petistas do primeiro governo Lula para referir-se a sua gestão.

ITAMAR

Sobre seu antecessor, Itamar Franco, FHC disse que ele tinha uma visão "regressiva" sobre a globalização, já que acusou o tucano de não ter um "sentido nacional" ao defender que o Brasil se preparasse para competir em um mundo globalizado.

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