Explicações

Comissão aprova convocação de Cardozo para explicar severidade com caminhoneiros

A avaliação é de que não existe uma pauta concreta e que as paralisações tem caráter político, com o objetivo de desestabilizar a presidente Dilma

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 12/11/2015 às 18:25
Foto: José Cruz/ Agência Brasil
A avaliação é de que não existe uma pauta concreta e que as paralisações tem caráter político, com o objetivo de desestabilizar a presidente Dilma - FOTO: Foto: José Cruz/ Agência Brasil
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Depois de muita resistência de parlamentares governistas, a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para dar explicações sobre a severidade das punições contra os caminhoneiros, que desde a última segunda-feira (9) têm feito bloqueios em estradas O Palácio do Planalto se recusa a reconhecer o movimento e abrir um canal de diálogo. A avaliação é de que não existe uma pauta concreta e que as paralisações tem caráter político, com o objetivo de desestabilizar a presidente Dilma Rousseff.

Os ruralistas também pretendiam convocar o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, mas uma manobra, que passou inclusive pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adiou a votação. Cunha, na prática, ajudou a evitar a convocação de Wagner. Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a pedido do líder do governo, José Guimarães (PT-CE), o peemedebista acelerou o início da Ordem do Dia no plenário, para derrubar a reunião do colegiado, adiando a votação do requerimento que pode convocar Wagner para a próxima quarta-feira.

Embora tenham conseguido "salvar" temporariamente o ministro-chefe da Casa Civil, Guimarães e Cunha não conseguiram evitar a aprovação do requerimento convocando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, desafeto político do presidente da Câmara. Em outubro, circularam nos bastidores informações de que o peemedebista chegou a pedir a interlocutores da presidente Dilma Rousseff que ela substituísse Cardozo pelo vice-presidente, Michel Temer.

Por outro lado, Cunha tem elogiado o desempenho do novo chefe da Casa Civil. O presidente da Câmara já afirmou a aliados que Jaques Wagner é mais aberto ao diálogo. Wagner tem sido a ponte de diálogo entre Cunha e o Planalto, por meio do qual o peemedebista estaria negociando apoio no Conselho de Ética, onde é alvo de representação por quebra de decoro parlamentar, em troca da não deflagração do pedido de impeachment de Dilma e apoio a medidas do ajuste fiscal.

Uma das lideranças dos caminhoneiros em greve, Ivar Schmidt diz que o grupo não abre mão do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e afirma que não vai deixar de fazer os bloqueios para abrir um diálogo com o governo federal. "Não vamos recuar nenhum passo. Não vamos retirar a questão do impeachment. Não suportamos mais o aumento de custos que estamos tendo com combustível, energia, alimentação", disse ao Broadcast.

 

A reunião

Além da ajuda de Cunha, deputados do PT também agiram para evitar as convocações. Parlamentares petistas recorreram a vários mecanismos para segurar ao máximo o desenvolvimento da reunião da Comissão de Agricultura. Eles chegaram a pedir a leitura de atas de encontros anteriores e criaram momentos de tensão ao questionarem o trâmite e interpretação do regimento interno por parte da presidência do colegiado.

Com todas essas manobras, governistas conseguiram atrasar em uma hora o início da reunião, que estava marcada para 9h30. Apesar de todas as tentativas, no entanto, ruralistas aprovaram a convocação de Cardozo. Por volta das 12h, quando estavam começando a discutir o requerimento para convocar Jaques Wagner, a reunião da comissão teve de ser interrompida pelo início das votações no plenário, adiando a votação do pedido.

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