A ex-senadora Marina Silva, idealizadora do partido Rede Sustentabilidade, fez críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff destacando que não há um plano definido para tirar o Brasil crise econômica e defendeu a necessidade de definir uma agenda para o país.
"O governo tem um plano, o partido da presidente tem outro e o partido do vice-presidente (Michel Temer) tem outro plano. São três planos econômicos em curso", disse ela em entrevista ao jornalista Roberto D´Avila no canal "GloboNews" nesta quarta-feira (11).
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"E o [plano] do governo não é do governo, é apenas do ministro da Fazenda. Como se ele tivesse se autonomeado", emendou Marina, referindo-se ao ministro Joaquim Levy que, apesar de permanecer no cargo, enfrenta grande resistência do PT e suas principais lideranças, como o ex-presidente Lula.
Marina, que foi candidata à presidência em 2014 ficando em terceiro lugar, também criticou o que chamou de "partidarização e fulanização de conquistas" ao defender que o Brasil não estaria vivendo a crise em que se encontra hoje se tivesse passado por uma alternância de poder.
"Não posso ter um projeto de país que só funciona comigo. Isso é partidarização e fulanização da conquistas". A ex-senadora comparou a situação atual com o final do segundo mandado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o primeiro ano de governo de Lula (PT), em 2002.
"Ali tivemos uma sinalização interessante. Não vamos fulanizar o Plano Real, ele é uma conquista da sociedade brasileira. Qual era o próximo passo? Não vamos fulanizar o Bolsa Família, ele é uma conquista da sociedade brasileira".
A ex-senadora também afirmou que o país elegeu uma presidente "sem plano de governo", que tinha "apenas peças de marketing".
Marina defendeu os ex-presidentes "Fernando Henrique sociólogo" e "Lula operário" devem dialogar no sentido de demonstrarem que estão preocupados não só "em apenas promover seus partidos" e "liderança pessoal". "Às vezes aquilo que nós processamos em palavras precisa ser concretizado em atos de humildade", disse ela.
Questionada se aceitaria assumir o papel de fazer um elo entre PT e PSDB por transitar entre lideranças das duas siglas, a ex-senadora afirmou não ter essa pretensão. "As coisas estão muito polarizadas. Por isso, acho que o empoderamento correto seria o da sociedade", enfatizou.
Marina lembrou que a última vez que se encontrou com Lula foi quando ele estava fazendo um tratamento de quimioterapia para se curar de um câncer de laringe. No entanto, disse que "esse é o momento que que ninguém tem o direito de dizer que não se dispõe ao diálogo".
Mais uma vez a ex-senadora criticou o atual sistema político brasileiro dizendo que não há mais condições de "continuamos com esse esse presidencialismo de coalizão que virou de confusão e agora já é de desmoralização".