O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que seus colegas da Corte ficaram "chocados" com a revelação da gravação em que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse ter conversado com os magistrados para viabilizar a libertação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Toffoli disse que seu sentimento pessoal foi de 'tristeza' quando soube que seu nome foi citado pelo petista como um dos interlocutores.
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"Ficamos chocados com essa informação", disse o ministro pouco antes de participar do encerramento de um seminário promovido pela Associação dos Advogados de São Paulo. "O sentimento é de tristeza porque estamos sujeitos a este tipo de pessoas, desse tipo de atitude, que se gabam de fazer algo que não fez", completou.
O ministro afirmou que a prisão dos envolvidos na suposta trama para barrar a Lava Jato foi a resposta do Supremo.
"A decisão da prisão já é uma resposta a este tipo de atitude". Toffoli disse que 'é comum' a conversa entre ministros do Supremo e parlamentares para discussões em torno de temas relevantes à sociedade. "Fui várias vezes tratar de reforma política no Senado e na Câmara em audiências públicas", exemplificou.
"Isso faz parte do dia a dia de um juiz. É importante ficar claro que o juiz é talhado e tem todas as defesas da inamovibilidade e vitaliciedade exatamente para ser independente", completou.
O ministro afirmou que foi informado sobre a gravação que resultou na prisão de Delcídio pelo ministro Teori Zavaski, relator no Supremo dos processos ligados à Operação Lava Jato, após a sessão ordinária da Segunda Turma do STF. "Ele nos esclareceu que estava com aquele pedido (de prisão do senador, do banqueiro André Esteves e outras duas pessoas) e decidimos em conjunto. No dia seguinte referendamos, reunindo se abertamente na quarta-feira pela manhã", relatou.
Sobre o destino do senador Delcídio do Amaral, Toffoli disse que ele certamente será alvo de investigação e um eventual processo. "Por enquanto o que se decidiu foi pela prisão, e o relator por fazer algumas diligências a respeito do processo, como buscas e apreensões no gabinete do senador".
"A eventual denúncia que for apresentada vai ser julgada e aí vamos aguardar a ampla defesa e julgar o processo. Não vou adiantar posicionamento", disse. Toffoli ponderou que as declarações do seu colega, ministro Gilmar Mendes que pela manhã, no mesmo evento, citou a prisão de Delcídio para afirmar que "agora sabemos o que eles são capazes de fazer para ganhar a eleição".
Segundo o presidente do TSE, a análise de Mendes é restrita ao caso de Delcídio. "As questões colocadas ali, neste caso do Delcídio Amaral, só dizem respeito à pessoa dele. Ali o que está em julgamento é ele e as pessoas que estavam com ele na tentativa de interferir numa investigação criminal. É isso que vai ser apurado", concluiu.