O ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União (TCU), mandou abrir nesta quinta-feira (10) uma investigação sobre a compra de turbinas a gás para usinas termoelétricas, autorizada pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) quando era diretor da Petrobras no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Na época, o congressista era filiado ao PSDB e chefiava a área de Gás e Energia da estatal.
Os equipamentos foram adquiridos da multinacional francesa Alstom. Em depoimentos de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que Delcídio recebeu propina da empresa no período em que era diretor (1999-2001).
Delcídio está preso desde o dia 25 de novembro, acusado de tentar atrapalhar as investigações sobre seu envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. Numa gravação que serviu de prova contra o senador, ele oferece uma mesada e propõe uma rota de fuga ao ex-diretor Internacional da companhia petrolífera Nestor Cerveró, atualmente detido no Paraná.
O ex-diretor Internacional auxiliava Delcídio quando ele comandava a Diretoria de Gás e Energia.
No despacho em que justifica a investigação, o ministro do TCU menciona reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 27 de novembro.
Como mostrou a reportagem, Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró que gravou Delcídio, revelou a investigadores que o senador "ligou o alerta" sobre a delação do ex-diretor Internacional da Petrobras quando soube que ele poderia fazer menção à multinacional Alstom nos depoimentos à força-tarefa da Lava Jato.
Conforme Paulo Roberto Costa, para lidar com os apagões no fim do governo FHC, foram adquiridas turbinas para as termoelétricas em quantidade bem superior à necessária.
Em seu despacho, Zymler também cita reportagem da Folha de S Paulo de Quarta-feira (9) que diz que quatro usinas térmicas contratadas pela Petrobras durante a gestão de Delcídio como diretor custaram R$ 5 bilhões, conforme cálculos da companhia e do TCU.
A defesa de Delcídio não se pronunciou. A Alstom não comentou as denúncias. A reportagem do Estado não conseguiu contato com o ex-presidente ontem. À Folha, FHC disse que, se houve irregularidade em seu governo, foi por "conduta imprópria de Delcídio, não corrupção organizada".