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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rebateu as declarações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de que o governo estaria por trás das operações que estão o investigando por vingança e provocou o peemedebista ao dizer que não foi a Curitiba "esconder bens ou contas no exterior".
"Nós não influenciamos absolutamente nada em relação a quem deve ou não deve ser investigado. Portanto, esse tipo de acusação é absolutamente indevida, incorreta e a própria realidade está ai para mostrar o contrário", disse o ministro, após participar de evento ao lado da presidente Dilma Rousseff.
Mais cedo, Cunha citou nominalmente Cardozo e disse que o governo atuava como vingança pela abertura do processo de impeachment. "Me tornei mais desafeto ainda na medida em que dei curso ao processo de impeachment. Todos sabem disso. Nada mais natural que eles busquem o seu revanchismo", protestou.
Ao reforçar que a PF age de forma "isenta" e autônoma, o ministro disse ainda que não é "daqueles que faz retaliações". "Eu não sou daqueles que uso o meu poder para fazer vingança. Eu sou daqueles que defende a democracia", disse.
Questionado se caso o Ministério da Justiça tivesse influência sobre a Polícia Federal, Cunha já estaria preso, Cardozo disse que "todos, inclusive o presidente da Câmara tem direito ao contraditório e à ampla defesa". "Eu não desejo àqueles que me criticam algo que não seja o direito na forma em que ele está posto", disse. "Jamais retaliarei àqueles que usam também o seu poder para me retaliar."
Cardozo riu ao comentar a acusação de Cunha de que ele teria ido a Curitiba, sede das investigações da Lava Jato, de madrugada para influenciar o andamento dos processos. "Eu posso afirmar em alto e bom som, e o presidente da Câmara pode ficar absolutamente tranquilo, que eu não fui a Curitiba esconder bens, nem tentar ocultar bens no exterior ou conta, porque não os tenho", alfinetou.
O ministro disse que a viagem a Curitiba na semana passada foi para tratar de um tema de segurança pública e que ela aconteceu "tarde da noite", pois naquele dia havia sido chamado pela presidente para uma reunião que acabou por volta das 11 da noite "Eu fui tratar do meu trabalho, da minha função, da minha atividade como ministro e isso foi registrado publicamente na minha agenda", afirmou.
Segundo Cardozo, em Curitiba ele se encontrou com o secretário estadual de segurança pública, por conta de uma demanda apresentada no dia anterior pelo governador do Paraná Beto Richa (PSDB).
Cardozo rebateu as declarações de Cunha de que tentam jogar sobre ele o "roubo que foi feito pelo PT". "Eu respondo com a realidade. Está se investigando tudo e todos que precisam ser investigados. Pouco importa o partido, pouco importa se pertence ao PT, se pertence ao PMDB, se pertence à oposição", disse Cardozo, que tem sido há tempos alvo de críticas de membros de seu partido pela atuação da PF, que levou a prisão alguns petistas como o ex-tesoureiro João Vaccari e o senador Delcidio Amaral.
O ministro disse que não há ninguém acima da lei e alfinetou Cunha dizendo que "algumas pessoas parecem que se julgam que estão acima dela". "Aqueles que se julgam que estão acima da lei terão que aprender com o estado de direito que a lei vale para todos. Essa é a postura do Ministério da Justiça, essa tem sido a postura da Polícia Federal, que tenho certeza será postura também do Judiciário, como vem sendo a postura do Ministério Público Federal."
Impeachment
O ministro da Justiça reforçou nesta terça que não existe nenhum fundamento jurídico para o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e que confia nas instituições. "Tenho absoluta convicção que as instituições brasileiras rechaçarão qualquer possibilidade de impeachment não fundamentada como este que efetivamente hoje está sendo objeto de discussão na Câmara dos Deputados", afirmou.