Após a recente briga de listas de apoio, deputados da alas governista e pró-impeachment do PMDB vão tentar negociar acordo sobre como se dará a escolha do novo líder do partido na Câmara, em fevereiro. Parlamentares dos dois grupos já concordaram que a eleição deverá ser feita por meio de votação secreta. Eles divergem, no entanto, em relação à quantidade de votos necessários para definir quem ficará à frente da liderança da sigla na Casa em 2016.
"Nosso pleito é bem simples: seguir o que ficou decidido por unanimidade após a eleição do (Leonardo) Picciani (atual líder do PMDB) em 2015: fazer votação secreta e ser eleito quem tiver 2/3 dos votos da bancada", afirma Osmar Terra (PMDB-RS). O peemedebista gaúcho foi um dos parlamentares da ala pró-impeachment a comandar o processo de destituição de Picciani da liderança para indicação de Leonardo Quintão (MG), por meio de uma lista de apoios, no fim do ano passado.
Outro peemedebista da ala pró-impeachment, o deputado Lúcio Vieira Lima (BA) afirma que o grupo deve apoiar a eleição de um representante da bancada do PMDB de Minas Gerais. De acordo com o parlamentar, Quintão está disputando internamente a indicação com o deputado Newton Cardoso Júnior, também considerado da ala que prega o rompimento com o governo Dilma Rousseff. "A decisão será lá com a bancada de Minas (atualmente composta por sete deputados)", afirmou Vieira Lima.
Atual líder do PMDB, Picciani diz que não aceitará a eleição por voto de 2/3 da bancada. Para o deputado fluminense, a eleição deve ser secreta, mas o novo líder deve ser eleito por meio de maioria absoluta (50% mais um) da bancada. "Esse acordo que eles falam foi de boca e previa também eleição e que não seria feita lista. Eles romperam esse acordo quando fizeram lista (em dezembro) tentando rachar a bancada", afirmou o peemedebista.
A eleição por maioria absoluta facilita a recondução de Picciani Com o quórum atual da bancada do PMDB na Câmara (69 deputados), se prevalecer a tese de maioria absoluta, o peemedebista precisaria de 36 votos para se reeleger. Esse é o mesmo número de assinaturas que conseguiu para ser reconduzido à liderança, após sua destituição. Com a tese de 2/3 da bancada, ele terá de conseguir apoio de pelo menos 46 deputados da sigla.
"Se ele está com medo da votação por meio de 2/3 é porque não conseguiu unir a bancada", rebate Osmar Terra. Lúcio Vieira Lima, por sua vez, afirma que foi Picciani quem primeiro rompeu o acordo aprovado pela maioria da bancada. "Ele começou a colher lista em novembro para que não houvesse eleição em fevereiro. Como não atingiu os 2/3, não apresentou. Então, quem primeiro pegou em armas foi ele", diz.
Vieira Lima também rebate a alegação de Picciani de que o acordo foi "de boca". "Um líder que precisa de documento para cumprir o que foi aprovado por unanimidade pela bancada não pode ser um bom líder", afirmou. "Até porque ele não questionou na hora que ficou decidido". Uma reunião da bancada do PMDB para discutir a questão da quantidade de votos foi marcada para a próxima terça-feira, 12, em Brasília.
"Estamos apostando na conversa para retomar a regra definida em fevereiro do ano passado. Se não, vai acabar começando a guerra de listas de novo", afirmou Osmar Terra. Atualmente, a ala pró-impeachment do PMDB não consegue reunir apoio sequer da maioria do partido. Isso porque, dos 35 nomes que apoiaram Quintão em dezembro, pelo menos 7 mudaram de ideia e passaram a apoiar Picciani, após articulação com apoio do Palácio do Planalto.
Picciani também contou com ajuda do comando do PMDB do Rio, que articulou a volta de aliados que estavam em outros cargos para os mandatos de deputados e a abertura de espaço para suplentes do partido assumirem mandato, como Átila Nunes. Vereador do Rio licenciado, Nunes tomará posse nesta quarta-feira, 6, como deputado na vaga deixada por Ezequiel Teixeira (PMB-RJ), nomeado secretário de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro.