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Após ser reconduzido para a liderança da bancada do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (MG) adotou o discurso de diálogo e unidade. A vitória de Picciani, que derrotou Hugo Motta (PB) por 37 a 30, é um sinal de melhora na relação do governo com o principal partido da base aliada.
“É uma vitória de quem quer o diálogo. A partir de agora não tem derrotados nem vencedores, vamos juntos buscar o diálogo. As disputas fazem parte do processo democrático e o PMDB venceu o seu processo hoje”, disse Picciani. “Vamos conversar, debater as matérias e encontrar o caminho de unidade possível”, acrescentou.
A manutenção de Picciani na liderança da bancada do PMDB tinha a simpatia do Palácio do Planalto. No entanto, após o resultado, o parlamentar negou o governo tenha interferido na decisão da bancada. “O governo não participou porque não pode participar de uma questão interna do PMDB, a questão é interna.”
Maior bancada na Câmara, o PMDB tem força sobre a tramitação de projetos importantes para o governo. “Isso reforça o papel do Picciani à frente do partido como líder. E agora o papel de todos nós é ampliar essa base partidária, ampliar o apoio do PMDB ao governo da presidenta Dilma”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Castro, que pediu exoneração do cargo para voltar temporariamente à Câmara e garantir o voto em Picciani.
A recondução do aliado do Planalto também esfria o ímpeto da parcela da bancada do PMDB na Casa que é contra o governo e favorável ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Todas as posições contrárias ao governo, com a eleição do Picciani, naturalmente, ficam mais enfraquecidas”, opinou Castro, para quem a vitória foi “confortante”.
Cabe ao líder a indicação dos oito integrantes do partido na comissão especial que analisará o pedido de impedimento da presidenta. Picciani disse que vai respeitar as diferentes posições da bancada com relação ao tema. “No momento em que for convocada, nós contemplaremos, participando da comissão, todas as correntes de pensamento do partido. Não restam dúvidas de que todas participarão.”
Apesar disso, o líder disse que mantém sua posição contrária ao impedimento de Dilma. “Eu pessoalmente mantenho a minha posição contra o impeachment por entender que não há fundamento jurídico, não há cometimento de crime de responsabilidade que justifique a abertura do processo.”
Cunha
A vitória de Picciani representa uma derrota para o presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ), principal avalista da candidatura de Motta. Antes da votação, Cunha disse estar confiante na vitória de Motta. Após a eleição, o presidente da Casa minimizou o golpe e disse não se sentir “derrotado”.
“Eu apoiei um candidato que teve menos votos e que perdeu a eleição”, disse. “Você apoiar um candidato é natural. O que se cristalizou nas últimas horas é criar um clima de que é uma disputa de A contra B, quando o Hugo Motta é muito mais defensor do governo que o Picciani.”
Questionado se Picciani conseguirá unificar a bancada peemedebista, Cunha disse que o resultado vai depender de como o líder conduzirá as divergências entre os parlamentares. “Isso dependerá muito mais de como ele conduzirá a bancada, não necessariamente do que a bancada vai fazer. A bancada não age, a bancada reage”, disse Cunha.
Ainda segundo o presidente da Câmara, o resultado não vai influenciar a bancada do PMDB a ficar mais próxima do governo nem auxiliar na derrubada do processo de impeachment. “A eleição da bancada do PMDB não tem nada a ver com a discussão do PMDB com o governo e não tem nada a ver com o processo de impeachment. Não muda absolutamente nada. Cada processo é um processo”, disse.