Apesar de ser considerado um tema controverso dentro do PT, a presidente Dilma Rousseff prepara um "discurso cuidadoso" em defesa da Reforma Previdenciária, previsto para ser lido por ela durante as comemorações do aniversário da legenda, marcado para sexta-feira (26) e sábado, no Rio de Janeiro.
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A participação da presidente no encontro ainda não foi confirmada. Rumores apontavam que Dilma queria cancelar sua participação na festa, após ser informada de que a ofensiva do PT contra o ajuste fiscal será ampliada neste fim de semana. Ministros do PT, porém, ainda estariam tentando convencê-la a mudar de ideia.
Segundo interlocutores da presidente que têm trabalhado no texto da Reforma Previdenciária, a ideia é enfrentar o tema e encarar "com naturalidade" as possíveis manifestações contrárias, das correntes mais radicais do PT.
Na análise de algumas lideranças do partido, o desgaste político com o início do debate da reforma é desnecessário, uma vez que as medidas não deverão ter efeito prático para o atual governo, mas apenas para os futuros.
Apesar das reações contrárias dentro do próprio partido, entre as preocupações de Dilma está ser lembrada como a presidente petista que deixou de encarar o "caos" da gestão da Previdência
Um dos pontos a ser ressaltado no evento por ela é que a proposta da reforma, prevista para ser encaminhada para discussão do Congresso Nacional em meados de abril, manterá todos os direitos adquiridos.
Para evitar maiores contestações da plateia ao abordar o tema, a presidente também deve abrir espaço em seu discurso para alfinetar o PSDB, destacando que o atual rombo previdenciário tem origem em gestões anteriores dos tucanos. A expectativa dentro do Palácio do Planalto é de que posicionamento de Dilma também sirva como uma "vacina" junto à base aliada, que espera que o PT assuma a frente da discussão das propostas polêmicas, que deverão fazer parte do novo ajuste fiscal.
Movimentação
O receio de o evento do PT se transformar em um palco para ataques à atual gestão na área econômica levou o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e o da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, a procurar nos últimos dias o presidente do PT, Rui Falcão, e lideranças do partido no Congresso.
Nas conversas, os ministros reafirmaram a necessidade de aprovação de propostas do ajuste fiscal e apresentaram um diagnóstico realista da atual situação econômica.
Entre os parlamentares do PT são correntes as críticas ao atual modelo adotado pelo governo na área econômica. Na avaliação dos petistas, as medidas atingem principalmente as raízes eleitorais da legenda. No rol de queixas está a atual política de juros, que tem repercutido na ampliação da dívida pública, associada à manutenção da alta da inflação, que atinge principalmente as classes menos favorecidas.
A movimentação dos ministros para evitar constrangimentos a Dilma no evento, segundo senadores do PT ouvidos pela reportagem, surtiu os primeiros efeitos e fez com que a questão da Reforma da Previdência fosse retirada do documento que tem sido elaborado pela cúpula da legenda.
Chamado pelos parlamentares do PT como plano emergencial para o Brasil, o documento deve trazer, porém, as principais linhas econômicas defendidas pelos petistas. Entre elas está a busca pela preservação das principais conquistas sociais iniciadas durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.