A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (25), a sexta fase da Operação Zelotes, que investiga a compra de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) por grandes empresas. Em Pernambuco, um mandado de busca e apreensão e uma condução coercitiva foram expedidos contra um auditor da Receita Federal.
Leia Também
O auditor está prestando depoimento na sede da Polícia Federal, na área central do Recife. Após ser ouvido, ele vai ser liberado e o delegado responsável vai decidir sobre o indiciamento. O mandado de busca e apreensão foi cumprido na Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, no Bairro da Jaqueira, Zona Norte do Recife. No local, a PF apreendeu documentos, pen drives, tablets, agendas, um HD e um computador.
De acordo com a PF, o auditor está sendo ouvido porque entre 2012 e setembro 2015 ele foi presidente da Primeira Seção de Julgamento do Carf e tinha o poder de julgar, juntamente com outros integrantes, as multas que eram arbitradas contra empresas. A polícia investiga suspeitas de seu envolvimento com pessoas e empresas que estão sendo citadas na Zelotes.
O alvo da sexta fase é a empresa siderúrgica Gerdau, investigada por suposta compra de decisões no Carf, órgão ligado ao Ministério da Fazenda que julga recursos de grandes contribuintes a multas aplicadas pela Receita Federal.
Esta é a primeira ação da Operação Zelotes no Estado. Ao todo, estão sendo cumpridos 20 mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é liberada no mesmo dia após prestar depoimento, e 18 de busca e apreensão em Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal.
DEFESA - A Gerdau comunica que a Polícia Federal está, na manhã desta quinta-feira (25), em suas dependências em relação à Operação Zelotes. Esclarece que não tem mais informações até o momento, mas está colaborando integralmente com as investigações da Polícia Federal. Ressalta ainda que, "com base em seus preceitos éticos, a Gerdau não concedeu qualquer autorização para que seu nome fosse utilizado em pretensas negociações ilegais, repelindo veementemente qualquer atitude que possa ter ocorrido com esse fim. A Gerdau reitera, portanto, que possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos e reafirma que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos que vierem a ser solicitados".
O empresário André Gerdau, presidente da empresa, é alvo de mandado de condução coercitiva. A família informou que ele irá comparecer voluntariamente para depor. Mais cedo, a PF havia confirmado que o dono o grupo, Jorge Gerdau, seria conduzido a depor, mas corrigiu a informação.
A empresa, que possui operações industriais em 14 países, teria tentado anular débitos que chegam a R$ 1,5 bilhão, segundo a PF, por meio de contratos com escritórios de advocacia e de consultoria, os quais agiram de maneira ilícita manipulando o andamento do processo. Segundo as investigações, o grupo de lobistas continuou atuando mesmo após a deflagração da operação em março do ano passado.