Corrupção

MPF diz que há evidências de que Lula se beneficiou de esquema na Petrobras

Força-tarefa da Operação Lava Jato levou Lula para depor coercitivamente na manhã desta sexta-feira (4) dentro da 24ª fase

Do JC Online
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Publicado em 04/03/2016 às 10:03
Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Força-tarefa da Operação Lava Jato levou Lula para depor coercitivamente na manhã desta sexta-feira (4) dentro da 24ª fase - FOTO: Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de líder do Partido dos Trabalhadores, teria se beneficiado do esquema de corrupção da Petrobras, segundo o Ministério Público Federal. Em nota divulgada no site, o órgão afirma que o político é "o responsável final pela decisão de quem seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais beneficiários dos delitos". A força-tarefa da Operação Lava Jato levou Lula para depor coercitivamente na manhã desta sexta-feira (4) dentro da 24ª fase.

Segundo a nota da MPF, que detalha as ações da 24ª fase da Lava Jato, surgiram evidências de que os crimes enriqueceram Lula e financiaram campanhas eleitorais e o caixa do partido. Também "há fortes evidências de que outros líderes e integrantes do Partido dos Trabalhadores foram agraciados com propinas decorrentes de contratos da Petrobras".

A procuradoria afirmou ter ouvido zelador, porteira, síndico, dois engenheiros da OAS, bem como dirigentes e empregado da empresa contratada para a reforma do tríplex no Guarujá. Todos os depoimentos recolhidos apontam o envolvimento do núcleo familiar de Lula em visitas e tratativas sobre a reforma do apartamento, o que serviria como prova de que o líder partidário teria sido, em 2014, beneficiado com pelo menos R$ 1 milhão por meio de reformas e móveis de luxo implantados no apartamento. A suspeita é de que a esta foi a propina decorrente do favorecimento ilícito da OAS no esquema da Petrobras.

Além disso, segundo o ministério, as apurações também mostram que, em 2010, Lula adquiriu dois sítios em Atibaia pelo valor de R$ 1.539.200,00. Os imóveis estão no nome de Jonas Suassuna e Fernando Bittar, sócios de Fábio Luís Lula da Silva (filho de Lula). Entre 2010 e 2014, Lula teria recebido pelo menos R$ 770 mil do pecuarista José Carlos Bumlai e das empresas Odebrecht e OAS, beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras. 

O MPF afirma ainda a existência de "fortes indícios" de que a empreiteira OAS pagou R$1,3 milhão a uma empresa para armazenar pertences de Lula. O contrato, no entanto, teve o "real objetivo escondido", uma vez que a nota fiscal informava que os itens armazenados eram da OAS.

O Ministério Público investiga ainda grandes pagamentos feitos por construtoras beneficiadas no esquema Petrobras em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras. "De fato, a maior parte do dinheiro que ingressou em ambas as empresas, ao longo de 2011 a 2014, proveio de empresas do esquema Petrobras: Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC", escreveu a MPF. No Instituto Lula, foram 20,7 dentre 35 milhões que ingressaram. Já na LILS, foram 10 dentre 21 milhões.

Em relação à saída de recursos, a nota informa que pessoas vinculadas ao PT e parentes de Lula eram as beneficiadas. Além de tudo isso, Paulo Okamoto, presidente do Instituto, é apontado por colaboradores como recebedor de propinas que somaram aproximadamente R$ 3 milhões, decorrentes de contratos com a Petrobras. "Dentro de uma república, mesmo pessoas ilustres e poderosas devem estar sujeitas ao escrutínio judicial quando houver fundada suspeita de atividade criminosa, a qual se apoia, neste caso, em dezenas de depoimentos e ampla prova documental", defende o MPF.

Os fatos estão sendo investigados no âmbito da Lava Jato, uma vez que eles se relacionam com o destino de verbas desviadas da Petrobras por empresas e pessoas participantes do esquema de corrupção. "Os fatos são de competência federal não só por se relacionarem com crimes financeiros e de lavagem de dinheiro transnacional, mas também por haver fatos praticados quando o ex-Presidente estava no exercício de mandato no âmbito da União Federal, onde possivelmente sua influência foi usada, antes e depois do mandato – o que é objeto de investigação –, para que o esquema existisse e se perpetuasse.

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