O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu nesta quinta-feira, 10, que alguma proposta relacionada ao desembarque do governo Dilma Rousseff deve ser discutida pelo PMDB durante a convenção nacional do partido, marcada para sábado, 12. O peemedebista avaliou que não dá para "virar as costas" diante a divisão interna na sigla sobre o assunto.
Leia Também
"Esse tema dificilmente deixará de ser abordado pela convenção. Qual vai ser o resultado, não sei. Mas que alguma coisa disso vai ser votada, não tenho dúvida disso", afirmou Cunha ao deixar a sessão plenária.
Segundo ele, devem haver discussões e moções tanto dos que defendem a permanência do PMDB no governo quanto dos que são contrários. "Tem que debater. Partido político que não debate não é partido político", afirmou.
O presidente da Câmara defendeu que, durante a convenção, as duas alas da legenda tentem chegar a algum tipo de acordo "para votar alguma coisa que seja mais ou menos comum". "Se não tiver, que se vote (desembarque)", disse. "Não tem como você não discutir esse assunto. Nem que seja para definir a independência", emendou o peemedebista.
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na edição desta quinta-feira, com aval do vice-presidente Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (RR) e parte da ala oposicionista do PMDB na Câmara costuram um documento que defende a liberação dos membros do partido na votação do impeachment e de todas as matérias que a legenda decida por não fechar questão - inclusive as da pauta econômica.
O documento deverá ser apresentado na convenção nacional do partido, neste sábado, e aparece como uma alternativa mais branda à proposta de desembarque imediato do governo, defendida pela ala mais radical da legenda e que vem crescendo conforme a data da convenção se aproxima.
PSDB
Sobre eventual aproximação do PMDB com o PSDB, Cunha disse que, no Congresso Nacional, os parlamentares estão "sempre conversando com todo mundo". Ele disse ainda não ver "nada demais" no jantar dos partidos, ontem, com lideranças do Senado. "Política é feita para conversar. Não foi um gesto partidário, e sim de bancada", completou.
Cunha afirmou que nesta quarta jantou com Michel Temer, mas negou haver algum tipo de articulação política ou manobra em relação ao impeachment. Em jantar realizado ontem, em Brasília, integrantes da cúpula do PSDB e as principais lideranças do PMDB do Senado selaram reaproximação em busca de uma "alternativa" para a atual crise política.