Apesar do conselho do vice-presidente Michel Temer para que não assumisse cargo no governo federal neste momento, o deputado federal Mauro Lopes (PMDB-RJ) mudou de ideia e decidiu aceitar a indicação já nesta semana para o comando da Secretaria da Aviação Civil (SAC). Segundo deputados do PMDB, Lopes deve tomar posse como ministro na próxima quinta-feira, 17
Após reunião com Temer pela manhã, Lopes chegou a pedir que o Palácio do Planalto segurasse por pelo menos uma semana sua indicação para a SAC. O pedido foi feito após o vice-presidente aconselhar o parlamentar mineiro a não assumir vaga na Esplanada neste momento de agravamento da crise do governo, diante dos protestos do último domingo e da delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS).
Segundo o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), Lopes mudou de ideia após receber apoio de ministros do PMDB e lideranças peemedebistas do Senado. Em reunião durante a tarde, esses peemedebistas prometeram ao deputado mineiro que apoiariam sua indicação. Fontes do Palácio do Planalto confirmaram que Lopes decidiu aceitar novamente a nomeação para a SAC já nesta semana.
Parlamentares do PMDB da ala pró-impeachment criticaram o deputado mineiro pela decisão e reforçaram a promessa de pedir a expulsão dele do partido, caso sua nomeação seja concretizada. O pedido de expulsão tem como base moção aprovada pela legenda na convenção nacional do último sábado, 12, proibindo peemedebistas de assumirem postos no governo Dilma Rousseff durante 30 dias.
Alguns deputados da ala governista do PMDB tentam evitar o pedido de expulsão de Mauro Lopes. Eles argumentam que o parlamentar mineiro tem quase 80 anos e que, como o desembarque do partido do governo pode ser aprovado em breve, ele pode não durar muito tempo no cargo. O próprio Mauro Lopes tem prometido à bancada que desembarcará junto com os outros seis ministros do PMDB, caso a sigla decida deixar o governo.
A indicação de Mauro Lopes para a SAC foi feita pelo Planalto em troca do apoio da bancada do PMDB de Minas Gerais à recondução de Picciani, aliado da presidente Dilma Rousseff, à liderança do partido na Câmara. As conversas começaram ainda no fim do ano passado. Mesmo após a reeleição de Picciani, contudo, o Planalto decidiu esperar a convenção nacional do partido para efetivar a nomeação.