À medida em que a Polícia Federal e a Procuradoria da República preparavam a deflagração da Operação Aletheia, o ex-presidente Lula se movimentava em busca de apoios. No dia 28 de fevereiro - apenas cinco dias antes de a PF conduzi-lo coercitivamente para depor em uma sala no Aeroporto de Congonhas, o petista caiu no grampo com o deputado Wadih Damous (PT/RJ). Eram 12h37.
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"E. e eu tô botando muita fé de que se a nossa bancada tiver animada ela pode fazer a diferença nesse processo com o Moro (juiz federal Sérgio Moro), com Lava Jato, com qualquer coisa, sabe?"
O parlamentar disse."A bancada tá outra bancada."
Lula prosseguiu. "Eu acho que eles têm que ter em conta o seguinte, bicho, eles têm que ter medo. Eles têm que ter preocupação.. um filho da puta desses qualquer que fala merda, ele tem que dormir sabendo que no dia seguinte vai ter dez deputados na casa dele enchendo o saco, no escritório dele enchendo o saco, vai ter uma representação no Supremo Tribunal Federal, vai ter qualquer coisa."
Wadih: Aham.
Lula insistiu na estratégia. "Vai ter dez discursos na Câmara contra ele, vai citar o nome dele, sabe? Se não parar com esse negócio de que eles tão acima do bem e do mal.
O parlamentar incentivou. "É isso mesmo."
O ex-presidente parecia irritado. "Sabe? Se um filho da puta desses qualquer pode pegar (ininteligível) sabe? E achincalhar, porque a gente não pode achincalhar."
Wadih Damous: "É verdade."
Lula: Sabe? Que história que é essa?
Para os investigadores o conteúdo desses e de outros grampos indicaria que o petista agia para obstruir a Justiça - o ex-presidente nega.
O deputado avalia que ‘a bancada tá com um perfil bem melhor, presidente’.
Lula disse. "Sabe? Eu tô muito otimista, bicho. Eu tô convencido que a bancada poderá ser a redenção do PT, viu?"
Wadih Damous concorda. "Aham."
Lula: "Sabe?"
Wadih: "E nesse sentido pode contar comigo."
Lula: "Tá bom, querido?"