O Conselho de Ética do Senado Federal esperava ouvir, nesta quarta-feira (23) Delcídio Amaral (sem partido - MS), no processo que pode levar à cassação de seu mandato. Sem a presença do senador, o colegiado aprovou requerimentos de convocação de testemunhas, entre eles, Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.
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Os senadores convocaram reunião para a próxima terça-feira (29) às 14h30, em que estão intimadas três testemunhas: o ex-chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, que foi preso na mesma ação da Polícia Federal que deteve preventivamente o senador; o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ferreira, que também teve a prisão decretada em ação da PF e Bernardo Cerveró.
Bernardo foi o autor da gravação da conversa entre Delcídio e Edson Ribeiro, em que o senador supostamente traçava um plano de fuga para Nestor Cerveró. A gravação foi a principal prova para que a PF prendesse Delcídio em novembro, acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, além de ser o principal motivo para a abertura do processo por quebra de decoro contra o senador no Conselho de Ética.
Licença médica e depoimento
Delcídio não compareceu à audiência desta quarta-feira alegando motivos de saúde. O senador apresentou ao Senado nova licença médica de 15 dias, pedindo que entrasse em vigor apenas a partir desta quarta-feira, 23, quando a atual licença já tivesse vencido. Este é o terceiro pedido de licença apresentado pelo senador desde que foi solto da prisão preventiva, em fevereiro.
Os senadores do Conselho de Ética criticaram a posição de Delcídio, que protocolou o atestado médico no Senado cinco dias antes da audiência de hoje. O relator do processo, Telmário Mota, argumentou que desde o dia 13 de março, Delcídio concedeu três entrevistas e andou de moto pela Avenida Paulista, em São Paulo, durante manifestação pró-impeachment. "Em 18 de março, mesmo dia em que o senador Delcídio protocolou o pedido de licença médica, ele deu entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo", argumentou Telmário.
Os senadores decidiram por nova convocação de Delcídio, marcada para 7 de abril, ao fim da licença médica do senador. O colegiado também aprovou requerimento, prevendo que, caso Delcídio não possa comparecer ao Conselho, que ele participe da audiência por videoconferência ou no local onde estiver.
O Conselho também aprovou a inclusão da delação premiada de Delcídio ao processo, além de entrevistas concedidas a jornais e revistas desde que foi solto.