Impeachment

Lula acusa Temer de 'golpe' e vice rebate

Foi a primeira vez que o petista criticou diretamente o vice pelo processo de impeachment que ameaça Dilma

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 03/04/2016 às 11:47
Foto: Helia Scheppa/ Acervo JC Imagem
Foi a primeira vez que o petista criticou diretamente o vice pelo processo de impeachment que ameaça Dilma - FOTO: Foto: Helia Scheppa/ Acervo JC Imagem
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Em ato contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff realizado ontem em Fortaleza, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o vice-presidente Michel Temer "é um constitucionalista" e que, por esse motivo, "sabe que o que estão fazendo é um golpe". Temer respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que "justamente por ser professor de Direito Constitucional, tem ciência de que não há golpe em curso no Brasil".

Foi a primeira vez que o petista criticou diretamente o vice pelo processo de impeachment que ameaça Dilma. A um público vestido de vermelho, com bandeiras do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Lula disse querer que Temer "aprenda sobre eleições". Ainda segundo Lula, o peemedebista "sabe que vão cobrar é dos filhos dele, é do neto dele amanhã, porque a forma mais vergonhosa de chegar ao poder é tentar derrubar um mandato legal".

Lula criticou a oposição por querer interromper o mandato da presidente. "A nossa resposta a ser dada aos opositores é garantir a governabilidade de Dilma", afirmou.

O ato, intitulado "Ceará com Lula", foi organizado pela Frente Brasil Popular do Ceará e pelo diretório estadual do PT. Os organizadores estimaram o público presente ao evento em 50 mil pessoas. Segundo a Polícia Militar, entre 10 mil e 12 mil pessoas compareceram.

O ato começou às 9 horas com shows musicais. Lula chegou por volta das 11 horas. Em um discurso de 30 minutos em que apelou à emoção, o ex-presidente começou falando sobre a chuva que caía forte na Praça do Ferreira, no centro histórico da capital cearense. "Mesmo que não tivesse o ato, só a chuva que Deus mandou já valeria a pena."

Em seguida, comentou o "clima de ódio" que o Brasil vive. "Tenho 50 anos de política e nunca vi um clima de ódio estabelecido no País como vejo agora. Essa gente que vai para a manifestação vestida de verde e amarelo tem que saber que o povo que está aqui na rua é um povo trabalhador e pede que respeitem apenas uma coisa: o voto popular que elegeu a Dilma."

 

MINISTÉRIO

No momento em que foi mais aplaudido, Lula chegou a dizer que, se tudo "desse certo", assumiria a Casa Civil na quinta-feira, embora não esteja na previsão do Supremo Tribunal Federal decidir sobre o mandado de segurança que impede a posse do petista no Ministério de Dilma.

Indicado para comandar a pasta, Lula não pôde assumir o cargo por causa de uma liminar do ministro Gilmar Mendes. A decisão será submetida ao plenário do Supremo, que pode mantê-la ou derrubá-la.

"Na próxima quinta-feira, se tudo der certo, se a Corte Suprema aprovar, eu estarei assumindo o ministério. Eu volto para ajudar a companheira Dilma", afirmou o petista.

Nos últimos dias, Lula tem insistido no termo "golpe" para se referir à tentativa da oposição e de setores do PMDB de abreviar o mandato da presidente. A própria Dilma se refere assim ao processo que tramita contra ela na Câmara, inclusive em atos realizados no Palácio do Planalto, sede da Presidência da República.

Na terça-feira, o PMDB - até então o principal partido aliado de Dilma no Congresso - decidiu romper com o governo, agravando a crise política. O vice-presidente foi um dos principais articuladores do rompimento com o governo e da saída de parte dos deputados do partido da base aliada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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