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Sob ameaça de impeachment, Dilma convoca 'grande pacto' contra crise

''O Brasil já superou momentos difíceis fazendo pactos, mas nenhum entendimento prosperará se não tiver como premissa o respeito à legalidade e à democracia'', disse a presidente

Da AFP
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Publicado em 07/04/2016 às 19:44
Foto: EVARISTO SA / AFP
''O Brasil já superou momentos difíceis fazendo pactos, mas nenhum entendimento prosperará se não tiver como premissa o respeito à legalidade e à democracia'', disse a presidente - FOTO: Foto: EVARISTO SA / AFP
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A presidente Dilma Rousseff (PT) convocou nesta quinta-feira (7) um "grande pacto" para superar a crise que paralisa o Brasil, um dia após a abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados.

"O Brasil já superou momentos difíceis fazendo pactos, mas nenhum entendimento prosperará se não tiver como premissa o respeito à legalidade e à democracia. E a primeira premissa deve ser a defesa da vontade popular manifestada pelo voto", disse Dilma em um ato no Palácio do Planalto.

Dilma, 68 anos, é acusada de maquiar contas públicas para reduzir o impacto da crise econômica no ano de sua reeleição, as chamadas "pedaladas fiscais".

A chapa de Dilma, formada com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), também enfrenta um processo de cassação no Supremo Tribunal Eleitoral (STJ) por financiamento ilegal de campanha com dinheiro desviado de estatais, especialmente a Petrobras. 

Na quarta-feira (6), a Folha de São Paulo revelou que Otávio Marques Azevedo, ex-diretor-executivo da construtora Andrade Gutierrez, confirmou as suspeitas de doação ilegal à campanha de reeleição de Dilma, em 2014.

Segundo Azevedo, milhões de dólares doados legalmente à campanha de Dilma tiveram origem em subornos pagos pela construtora para obter contratos com a Petrobras.

Os advogados do PT negam as acusações.

Por meio do impeachment ou do TSE, o PT vê ameaçada sua hegemonia de 13 anos no poder, iniciada com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, hoje investigado por ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, entre outros crimes.

Lula, que espera uma decisão do Supremo para assumir a chefia da Casa Civil após uma série de ações contra sua nomeação, apontada como uma manobra para evitar sua prisão, lidera os esforços do governo para barrar o impeachment, negociando votos, especialmente com os pequenos partidos.

Dilma busca apoio para superar o impeachment, enquanto reforça o discurso de que seu impedimento constituiria um "golpe de Estado".

Uma comissão parlamentar de 65 membros decidirá na próxima segunda-feira se aceita a recomendação do relator, favorável ao impeachment. Em seguida, o plenário da Câmara dos Deputados votará o relatório, que se for aprovado por dois terços da casa passará ao Senado, que poderá decidir pelo afastamento de Dilma por 180 dias por maioria simples.

No Senado, o impeachment de Dilma também exigirá dois terços dos votos.

"Seja qual for o resultado do impeachment, no dia seguinte será preciso construir novas pontes", disse à AFP o deputado Leonardo Piciani, que já se manifestou contra a destituição da presidente, apesar de ser o líder da bancada do PMDB, que decidiu pelo rompimento com o governo.

"Se a presidenta sobreviver ou não, será preciso repactuar a forma de governar, buscar convergências para sair da crise e não será possível, em qualquer hipótese, continuar apostando no 'quanto pior, melhor'".

Para o cientista político Everaldo Morales, da Universidade de Brasília, a proposta de Dilma para um grande pacto chega tarde demais.

"Acredito que o momento tanto de pactos como de buscar apoios já passou. É muito difícil deter uma avalanche quando ela já avança", declarou Morales à AFP.

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