Impeachment

Imprensa internacional destaca descida de Dilma 'ao inferno'

Jornais do mundo adotaram tom pessimista para relatar momento vivido pelo Brasil

Do Estadão Conteúdo
Cadastrado por
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 18/04/2016 às 14:30
Foto: Lula Marques/Agência PT
Jornais do mundo adotaram tom pessimista para relatar momento vivido pelo Brasil - FOTO: Foto: Lula Marques/Agência PT
Leitura:

O revés da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados continua repercutindo na imprensa internacional nesta segunda-feira (18). A manchete do jornal francês Le Monde adota um tom bastante pessimista: "No Brasil, a descida de Dilma Rousseff ao inferno."

A publicação, que enviou uma repórter especial para Brasília, destaca que a primeira mulher a se eleger presidente do Brasil tem poucas chances de terminar seu segundo mandato e paga por seus erros. O Le Monde contextualiza as alegações para o processo de impeachment, mas enfatiza que muitos deputados que ratificaram a admissibilidade são alvos de suspeitas mais graves que a presidente. 

O Le Figaro, jornal de linha conservadora na França, destacou o ambiente "eletrizante" dentro e fora da Câmara dos Deputados durante a votação que daria prosseguimento ao afastamento de Dilma. A matéria intitulada "Brasil: deputados aprovam a destituição de Dilma Rousseff" sublinhou que a barreira na Esplanada dos Ministérios foi chamada de "muro de Berlim" pelos manifestantes. Por fim, a publicação disse que a crise política brasileira apenas começou a poucos meses dos Jogos Olímpicos. A Olimpíada começa dia 5 de agosto.

O britânico The Telegraph estampou uma foto de cidadãos brasileiros comemorando o resultado da votação na Câmara no topo da reportagem publicada na madrugada desta segunda-feira. O periódico relatou a longa sessão de votação, "caracterizada por pronunciamentos, bandeiras, confetes e até cantorias." O discurso de Jair Bolsonaro e o entrevero do deputado do PSC-RJ com Jean Wyllys também ganharam destaque na publicação.

O alemão Spiegel na matéria "A revolta dos Bonzinhos" adotou um tom bastante crítico. "O Congresso brasileiro mostra a sua verdadeira face. A maioria dos parlamentares não votou somente pela suspensão da presidenta Dilma Rousseff. Usando métodos mais do que questionáveis, eles conduziram o navio brasileiro para uma rota de direita", escreveu.

Nos Estados Unidos, o The New York Times aponta que o mandato de Dilma tem sido fustigado por um escândalo de corrupção vertiginoso, uma economia contraída e uma desilusão crescente. A publicação deu voz a alguns cientistas políticos. "Alguns analistas dizem que estão preocupados que a mobilização para o impeachment de Dilma Rousseff cause danos à jovem democracia do Brasil, restabelecida em 1985 após duas décadas de ditadura militar", publicou.

"Há a questão de quem e o que virá a seguir", escreveu o NYT, antes de traçar um projeção do futuro da política brasileira. O jornal americano destacou que Michel Temer "terá de lidar com desafios políticos e econômicos", mas também mencionou que o vice pode enfrentar as mesmas acusações que Dilma. "O próximo na linha da presidência após Temer é Eduardo Cunha, o poderoso líder da Câmara dos Deputados. 

Cristão evangélico que usa sua conta no Twitter para disseminar versos bíblicos, Cunha é acusado de usar uma conta em um banco na Suíça para esconder R$ 40 milhões em propinas", escreveu.

Últimas notícias