Está marcada para às 9h30 desta quinta-feira (21) a decolagem da presidente Dilma Rousseff e sua equipe para Nova York, onde participa da sessão de abertura de assinatura do acordo de Paris, sobre meio ambiente, na Organização das Nações Unidas (ONU). A chegada está prevista para às 19h30, hora local. O vice-presidente Michel Temer assumirá o cargo interinamente, mas, até o início da tarde, a sua equipe não tinha sido avisada da viagem de Dilma.
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Temer, que tem sido criticado e chamado de "traidor" por Dilma, não pretende vir para Brasília. A ideia de Temer é permanecer em São Paulo, sem agendas externas, com um comportamento totalmente discreto. Dilma só retorna ao Brasil na madrugada de sábado para domingo.
Na agenda da presidente Dilma nos Estados Unidos, além da reunião na ONU, a partir das 8h30 de sexta-feira, 22, estão previstas pelo menos duas entrevistas, na sexta-feira e no sábado. Dilma quer usar todos os meios possíveis e aproveitar o favoritismo que tem encontrado na imprensa internacional à sua causa para repetir o discurso de que tem "profunda consciência" que está sendo vítima de um processo e simultaneamente, "um processo baseado em uma flagrante injustiça, uma fraude jurídica e política, que é a acusação de crime de responsabilidade sem base legal, sem crime e ao mesmo tempo de um golpe".
O gesto da presidente Dilma ignora que, ao contrário da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Unasul - União Nacional das Nações Sul Americanas, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, minimizou o processo no País. Dujarric disse, em entrevista coletiva, que o Brasil tem "tradição democrática" e "instituições de Estado fortes". Acrescentou ainda que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está acompanhando a situação política atual no Brasil "de perto", que "o Brasil tem uma tradição democrática sólida e instituições de Estado fortes" e que "está confiante que os atuais desafios do País serão resolvidos por estas instituições em conformidade com a Constituição e o quadro legal."
A presidente quer aproveitar sua viagem aos Estados Unidos para, da tribuna internacional, mostrar posição diferente da defendida por Ban Ki-moon, denunciando o golpe que ela diz que está sendo armado contra ela e que foi deflagrado e comandado na Câmara por Eduardo Cunha, que é réu em processos inclusive no Supremo Tribunal Federal. Dilma irá se escorar, inclusive, em notícias divulgadas pela imprensa internacional, que chegou a ironizar a situação no País de ter um réu colocando em julgamento uma presidente que não é acusada de cometer atos de corrupção. A presidente vai insistir ainda que o que está sendo feito contra ela é "um golpe em que se usa de uma aparência de processo legal e democrático para perpetrar um crime que é a injustiça".
Em suas diversas falas, durante o período em que estiver nos Estados Unidos, a presidente Dilma pretende lembrar também que tanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) quanto a Unasul questionaram o processo de abertura de impeachment contra a presidente Dilma. Na segunda-feira, um dia depois da aprovação do processo para afastamento da presidente, a Unasul emitiu nota em que considera a aprovação do processo de impeachment da presidente brasileira, pela Câmara dos Deputados, um "motivo de séria preocupação" e que pode afetar a democracia da região. Já o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, o uruguaio Luis Almagro, disse que "o impeachment constitui um ato de flagrante ilegalidade".