Minutos antes de se encontrar para um almoço com o vice-presidente Michel Temer, em Brasília, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), ressaltou nesta terça-feira (3) que o partido teme que o novo governo liderado pelo peemedebista se "pareça" com o governo da presidente Dilma Rousseff.
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Temer deve assumir a presidência da República após a votação da admissibilidade do processo de impeachment na comissão especial do Senado, prevista para ocorrer no próximo dia 11. O encontro entre o vice e Aécio está previsto para ocorrer na tarde de hoje no Palácio do Jaburu, ocasião em que será entregue a "carta de princípios" com temas que o PSDB condiciona para fazer parte do novo governo.
"Nós realmente nos preocupamos com as notícias que já são públicas, a forma pela qual o governo já vem sendo constituído. Temos receio que esse governo (de Michel Temer) se pareça muito com aquele que está terminando os seus dias", afirmou Aécio Neves após reunião da Executiva Nacional do PSDB, que também contou com a participação dos governadores da legenda.
"Confiamos no presidente Michel Temer, na sua capacidade de dar ao Brasil de novo esperança, mas a convergência que conseguimos construir em torno do PSDB, enfatizada pela unanimidade dos governadores que aqui hoje estiveram presente, é de que o PSDB prefere não participar com cargos no governo. E sim da agenda parlamentar, porque é essa que, na verdade, possibilitará a tirada do Brasil da crise", afirmou o tucano.
Aécio chamou atenção também para o fato de os representantes do Executivo Estadual terem como principal apreensão questões relacionadas ao pacto federativo. "Os governadores têm uma preocupação que não é com cargos, mas com a questão federativa. Os governadores defendem uma agenda efetiva de reequilíbrio da federação de solução de impasses, alguns inclusive no Supremo Tribunal Federal".
Presente no encontro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também utilizou o mesmo discurso do senador ao tratar a participação no governo Temer. "Na virada dessa página, o que o Brasil espera é uma política renovada. Esse é momento de esperança que não pode virar desesperança. E o PSDB está dando um exemplo de não exigir cargos e ocupar espaços", afirmou. Apesar do posicionamento de não indicar quadros do partido para a composição do novo governo, Alckmin ressaltou que Temer terá "todo o apoio" para a implementação de projetos de interesses do País.
O posicionamento de Aécio e Alckmin ocorre no momento em que integrantes da legenda têm sido procurados por interlocutores do vice-presidente para fazerem parte da nova equipe ministerial. Entre os cotados para assumir um posto está o senador José Serra (PSDB-SP), que participou do encontro da Executiva Nacional do partido, mas não quis tratar do tema quando abordado pelos jornalistas presentes. Segundo a reportagem apurou, dentro da cúpula do PSDB há o entendimento de que caso Serra tenha confirmada a participação no novo governo, ela deverá ser tratada como uma indicação da "cota pessoal" de Temer e não do partido.
Carta
Na reunião da cúpula do PSDB também foram discutidos os 15 itens da carta que deverá ser entregue na tarde de hoje com os principais temas que o partido defende para apoiar o novo governo. Entre o pontos defendidos pelos tucanos está o início da discussão da implementação do sistema parlamentarista a partir de 2018, logo após as eleições gerais.
Na parte que trata sobre o cenário econômico, o documento do PSDB defende que um dos caminhos para sair da atual crise é a ampliação das concessões e privatizações. Essa orientação teve a colaboração do ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga, que chegou a ser sondado para participar da equipe econômica do vice.