Waldir Maranhão (PP-MA) não deve presidir as próximas sessões do plenário da Câmara. O parlamentar, que ocupa o comando da Casa desde que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi afastado temporariamente do mandato e do cargo de presidente da Casa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi vaiado na terça-feira (17) ao tentar conduzir votações no plenário e acabou encerrando a sessão.
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Nesta quarta-feira (18), na primeira reunião de líderes que presidiu, deputados negaram que houve constrangimento entre o grupo. Líder do PSD, Rogério Rosso (DF) disse que fez um apelo para que Maranhão refletisse mas não obteve respostas. Para Rosso, enquanto a Casa “fala uma língua”, Maranhão fala outra. “Do ponto de vista regimental, Waldir Maranhão tem suas prerrogativas. Do ponto de vista político ele fala uma linguagem e ela [a Câmara] fala outra. Fiz um apelo para que ele deixe a direção da Mesa à linha natural do Regimento. Ele recebeu silenciosamente. Entendi que está reflexivo mas vai atender”, avaliou.
O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), deixou a reunião de líderes mais cedo para ir ao Palácio do Planalto e, ao sair, disse que Waldir Maranhão aceitou limitar suas funções a questões internas da Casa e a condução de reuniões. Segundo Paulinho, Maranhão concordou em deixar a presidência das sessões do plenário nas mãos do 2º Vice-Presidente da Mesa, deputado Giacobo (PR-PR), ou do 1º Secretário, Beto Mansur (PRB-SP). Maranhão não confirma a informação.
Na avaliação do líder do PTB, Jovair Arantes (GO), Waldir Maranhão foi sereno durante a reunião e conseguiu tranquilizar os líderes. “O Regimento da Casa precisa imperar para a Casa voltar a funcionar e resolver as questões que estavam represadas”, afirmou. Arantes espera resistência por parte do PT e de aliados, mas aposta que, na sessão de hoje, será possível votar as quatro medidas provisórias (MPs) que trancam a pauta. “Isto é normal e do jogo democrático mas vamos levar noite a dentro para resolver matéria por matéria. Dá para destrancar e vamos pedir para o governo retirar urgências”, disse.
André Moura
Ainda que o Palácio do Planalto não tenha confirmado o nome do líder do governo Temer na Casa, Jovair Arantes afirmou que “André Moura deve ser confirmado ainda hoje. Certamente será nosso líder com a possibilidade de fazer interlocução com toda a Casa”.
Lideranças do bloco conhecido como centrão - PEN, PTB, PP, PR, PSL, PSD, PRB, PTN, PSC, PHS, PROS e o Solidariedade -, além do PMDB que ainda não aderiu ao grupo, preferiram ser mais discretos. É este grupo que encampou o nome de Moura para a função e formalizou este apoio na reunião com Temer ontem. Este apoio não conta, porém, com PSDB, DEM e PPS que defendiam Rodrigo Maia (DEM-RJ) na função, argumentando, inclusive, que Moura é próximo do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha e que o líder precisava ter mais autonomia na Casa.
O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), chegou a afirmar na manhã de hoje que a articulação por André Moura é comandada pelo próprio Cunha. Jovair Arantes assumiu a missão de tentar afastar a especulação. “Ele nãoo foi indicado por Cunha. Quem toca hoje esta discussão é o bloco dos partidos chamado centro e tivemos várias reuniões”, afirmou.