Aliados do governo Michel Temer na Câmara dos Deputados elogiaram a decisão do ministro do Planejamento, Romero Jucá, de se afastar do cargo. Surpreendidos com o anúncio de Jucá quando ainda davam entrevistas no Salão Verde pedindo sua saída, os líderes partidários admitiram que a gravação entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, causou constrangimento e disseram que agora a crise deixa o Palácio do Planalto.
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"A decisão foi acertadíssima e era esperada por todos nós", comentou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA). O tucano disse que a saída dá a oportunidade de Jucá se defender, já que agora o peemedebista tinha se colocado numa situação de suspeição.
Imbassahy afirmou que a decisão foi boa para o País e para um governo que se inicia em meio a uma crise política, econômica e moral. "Há tantas coisas desagradáveis que tudo que você coloca de negativo sempre acrescenta de uma maneira muito maior", emendou.
O líder disse que não causou desconforto as menções ao presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Ele disse que Machado buscou o PSDB por seis vezes consecutivas. "Não tem nada que comprometa o PSDB", declarou.
HARGREAVES
O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), disse que Jucá não deveria sequer ser nomeado por estar sob investigação da Operação Lava Jato. "Seu pedido de licença do cargo, apesar do desgaste que já causou ao governo, é um ato meritório, daqueles que querem contribuir para o bem do País. Porque ele no governo, a crise está dentro do governo. E saindo do governo, a crise está com ele", observou Bueno.
O líder comparou a situação de Jucá ao de Henrique Hargreaves, ex-ministro do governo Itamar Franco, que deixou o cargo temporariamente quando se tornou alvo de denúncias no Orçamento da União e depois voltou a ser chefe da Casa Civil.
Bueno considera insustentável um ministro ficar no cargo sob investigação da Operação Lava Jato. "Ninguém consegue de forma alguma ficar de pé num cargo de governo com denúncias da Lava Jato", destacou.
Outro a elogiar a saída de Jucá foi o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM). Para o parlamentar, a decisão mostra que o governo Temer é diferente do governo Dilma Rousseff pois apresenta soluções rápidas aos problemas que surgem. "O ministro Jucá se afasta como fez lá atrás o ministro Hargreaves. Ele vai se defender fora do governo e, portanto, ele poderá retornar ao governo", declarou.
Pauderney avaliou que o afastamento impede a criação de uma "crise desnecessária". "Iria trazer foco para uma questão que ia atropelar o que estamos comprometidos a fazer: que é a retomada do processo de reconstrução do País. Há uma necessidade de colocarmos foco nessa questão", completou.
PMDB
O primeiro vice-líder do PMDB na Câmara, Carlos Marun (MS), lembrou que Jucá tem uma capacidade política reconhecida por vários partidos e que ninguém gostaria que ele deixasse o governo que se inicia. "Essa gravação efetivamente acrescenta constrangimentos. Não pelo fato do cidadão ser investigado, ao contrário, ninguém pode se julgar acima de qualquer suspeita. O agente político tem que saber que em muitos momentos vai estar sujeito a investigações. Não é o fato dele ser investigado que leva ao seu afastamento, mas o fato dessa gravação causar constrangimentos", afirmou.
Marun disse que a decisão de Jucá foi sábia, lúcida, e de quem sabe que o governo precisa avançar. "Entendo que nos próximos dias o governo tem de ter um pensamento focado no andar sem o Jucá", avaliou.