OPERAÇÃO TURBULÊNCIA

PF descobre esquema de lavagem de dinheiro a partir de avião que transportava Eduardo Campos

A investigação teve início a partir de análises de movimentações financeiras de empresas envolvidas na aquisição da aeronave que transportava o ex-governador Eduardo Campos em seu acidente fatal

JC Online
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Publicado em 21/06/2016 às 7:44
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A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (21), a Operação Turbulência para desarticular uma quadrilha suspeita de lavagem de dinheiro em Pernambuco e Goiás. A investigação teve início a partir de análises de movimentações financeiras de empresas envolvidas na aquisição da aeronave que transportava o ex-governador Eduardo Campos em seu acidente fatal.

De acordo com a PF, empresas de fachada, em nome de "laranjas", realizavam transações entre si e com outras empresas fantasmas, incluindo algumas investigadas na Operação Lava Jato. O esquema teria movimentado mais de R$ 600 milhões desde 2010. 

Uma das empresas apontadas como a compradora do jato Cessna usado pela campanha do PSB à Presidência da República foi beneficiada por um decreto assinado por Eduardo Campos


ESPECIAL - O adeus a Eduardo Campos

Suspeita-se que parte do dinheiro que transitou nas contas analisadas servia para pagamento de propina a políticos e formação de “caixa dois” de empreiteiras.

Cerca de 200 policiais estão dando cumprimento a 33 mandados de busca e apreesão, 22 de condução coercitiva e cinco de prisão preventiva. Também estão sendo cumpridos mandados de indisponibilidade de contas e sequestro de embarcações, aeronaves e helicópteros.

PRISÕES - Os empresários Apolo Santana Vieira (dono da empresa Bandeirantes Companhia Pneus), Arthur Roberto Lapa Rosal, João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho (filho do ex-deputado socialista Luiz Piauhylino) e Eduardo Freire Bezerra Leite e foram alvos de mandados de prisão preventiva. Os dois primeiros foram detidos no Recife, Apolo Santana estava malhando em uma academia no momento da prisão. Os outros dois foram localizados quando desembarcavam em São Paulo e estão sendo trazidos de volta para o Recife. O quinto mandado de prisão foi expedido para Paulo César de Barros Morato, que está foragido.

Os 60 mandados judiciais estão sendo cumpridos em diversas localidades pernambucanas: Boa Viagem, Imbiribeira, Espinheiro, Cordeiro, Ibura, Alto Santa Terezinha, Várzea, Aeroporto e Pina, no Recife, Muribeca, Piedade, Barra de Jangada e Prazeres em Jaboatão do Guararapes, Pau Amarelo, em Paulista, e nas cidades de Vitória de Santo Antão, Moreno e Lagoa de Itaenga. Mandados também estão sendo cumpridos na capital de Goiânia e na cidade de Aparecida de Goiânia.

Os presos e os conduzidos coercitivamente estão sendo levados para a sede da Polícia Federal, na área central do Recife. Os envolvidos responderão, na medida de seu grau de participação no esquema criminoso, pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. 

ACIDENTE - O ex-governador e candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) morreu no dia 13 de agosto de 2014, após a aeronave onde ele estava, um Cessna 560 XL, cair em Santos, litoral de São Paulo. Os dois pilotos Geraldo da Cunha e Marcos Martins, Pedro Valadares Neto (assessor), Carlos Augusto Leal Filho, conhecido como Percol (assessor de imprensa), Marcelo Lyra (cinegrafista) e Alexandre Severo (ex-fotográfo deste JC) também morreram no acidente. Por coincidência, Eduardo faleceu no mesmo dia do avô, o ex-governador Miguel Arraes, morto em 2005.

A aeronave saiu do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, para o Guarujá, em São Paulo, onde ele tinha evento de campanha. Chovia muito na hora do acidente. O piloto ainda tentou arremeter, mas não conseguir e acabou caindo por cima de algumas casas. As duas caixas-pretas foram encontradas no mesmo dia do acidente.

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Investigações apontam que o acidente que matou Eduardo Campos foi provocado falhas do piloto - Ricardo Nogueira/AFP
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Aeronave caiu em Santos, após sair do Rio de Janeiro, com sete pessoas a bordo - Ricardo Nogueira/AFP
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O tempo estava ruim no momento da descida, por volta das 9h do dia 13 de agosto de 2013 - Ricardo Nogueira/AFP
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Segundo a matéria d'O Estado de S. Paulo, o piloto foi obrigado a arremeter bruscamente - Ricardo Nogueira/AFP
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O piloto operou os aparelhos em desacordo com as recomendações e sofreu de 'desorientação espacial' - Ricardo Nogueira/AFP
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Dentre as possíveis falhas está a falta de treinamento do piloto Marcos Martins - Ricardo Nogueira/AFP
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Outra motivação pode ter sido o uso de um "atalho" para acelerar a descida - Ricardo Nogueira/AFP
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Aeronáutica deverá divulgar oficialmente o resultado da investigação apenas no início de fevereiro - Ricardo Nogueira/AFP


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