Apesar da pressão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o projeto de lei que trata da punição para quem cometer abuso de autoridade, de autoria do próprio peemedebista, só deve ser votado em agosto, depois do recesso branco.
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Em debate hoje (12) na Comissão da Consolidação da Legislação Federal e Regulamentação da Constituição (CECR) vários senadores criticaram a pressa na apreciação da matéria que, entre outros pontos, define como crimes de abuso de autoridade diversas condutas que tentam impedir ou atrapalhar o exercício de direitos e garantias fundamentais. A proposta é vista como uma tentativa de dificultar as investigações da Operação Lava Jato.
A intenção do relator da proposta, senador Romero Jucá (PMDB-RR), era votar o texto na comissão amanhã (13). Na semana passada, após reunião com o presidente da República interino, Michel Temer, Renan havia dito que ia colocar o projeto em votação no plenário da Casa nesta semana.
Na ocasião, o presidente do Senado argumentou que a atual Lei de Abuso de Autoridade é de 1965 e que estaria “velha”, “anacrônica”, “gagá” e que, portanto, precisa ser atualizada.
Tempo e debate
Durante a reunião da CECR desta terça-feira, os senadores Ricardo Ferraço (PSDB-ES), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) argumentaram não ser razoável votar a proposta com tão pouco tempo dedicado ao debate.
A senadora Simone Tebet (PMDB-MS) chegou a defender o projeto, mas também pediu mais empo para debate e “aperfeiçoamento” do texto. Já a senadora Ana Amélia (PP-RS) manifestou preocupação com a possibilidade de a mudança na legislação tornar os agentes de segurança mais vulneráveis.
O senador Fernando Collor (PTC-AL), no entanto, considerou a votação do projeto “oportuna” e “crucial para o país”. Segundo ele, há mais de 80 projetos tramitando desde 2009 sobre o tema.