100 dias de Temer

Governabilidade ainda é desafio para o governo Michel Temer

Presidente interino melhorou relação com o Congresso, mas perdeu ministros para a Lava Jato

Paulo Veras
Cadastrado por
Paulo Veras
Publicado em 21/08/2016 às 7:42
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Presidente interino melhorou relação com o Congresso, mas perdeu ministros para a Lava Jato - FOTO: Foto: José Cruz/Agência Brasil
Leitura:

Do ponto de vista político, o início da gestão Michel Temer (PMDB) mostra uma melhora das relações entre o Planalto e o Congresso, mas traz uma sequência de desafios que podem atrapalhar a governabilidade. Entram nessa lista as pautas polêmicas no Congresso, a constante ameaça do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o avanço da Operação Lava Jato.

Principal dor de cabeça da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), o Congresso ajudou Temer, aprovando o déficit de R$ 170,5 bilhões, mas impôs derrota na renegociação das dívidas dos Estados. A eleição do aliado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara também enfraqueceu o centrão. Para ganhar estabilidade, o presidente interino já recebeu mais de cem parlamentares, conta Antônio Augusto de Queiroz, analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

“É evidente que houve uma alteração significativa no padrão de relacionamento com o Congresso. A presidente Dilma, em certa medida, negligenciou o Parlamento”, explica. “O governo tem uma base ampla, mas que tem suas contradições e disputas internas. O grupo que elegeu Rodrigo Maia tem um apoio mais consistente. O pessoal do centrão oferece um apoio condicionado, negociando cada pauta. O governo precisará ter muita capacidade de articulação”, avalia o analista.

No primeiro mês de governo, Temer viu três ministros renunciarem por citação na Lava Jato ou por terem sido gravados criticando a investigação, caso do ex-titular da Transparência Fabiano Silveira. No começo deste mês, vazamentos nas delações de executivos da Odebrecht citaram pedidos de dinheiro para campanha partindo do próprio Temer, e dos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e das Relações Exteriores, José Serra (PSDB). Todos negam irregularidade.

Últimas notícias