Julgamento de Dilma

Pernambucanos expressam sentimento após impeachment

Defensores de Dilma sentem-se de luto e apoiadores do afastamento dividem-se entre o alívio e as dúvidas

JC Online
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Publicado em 31/08/2016 às 21:43
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Defensores de Dilma sentem-se de luto e apoiadores do afastamento dividem-se entre o alívio e as dúvidas - FOTO: Ricardo Labastier/JC Imagem
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Sem o domínio de todas as questões jurídicas em torno do julgamento de Dilma Rousseff (PT) no Senado, pernambucanos se dividiram entre o sentimento de luto, dúvida e alívio. Para os que defendiam a permanência da petista na presidência, a confirmação do impeachment na tarde de ontem foi considerada um golpe do Congresso contra 54 milhões de eleitores brasileiros e uma forma de barrar tanto as investigações sobre corrupção quanto os programas petistas que melhoraram a redistribuição de renda, ampliaram o acesso a bens, educação superior e assistência à saúde. Quem torcia pela saída da presidente se dividia entre a expectativa de mudança e a dúvida quanto ao projeto de Michel Temer a partir de agora.

“O Brasil foi mal administrado. O desemprego está grande, é o País em que mais se paga imposto. Estou satisfeita com a saída de Dilma. Mas queria que o vice (Michel Temer) saísse também, não serve para administrar o Brasil”, considerou Adenilza Barros, 29 anos, técnica de enfermagem desempregada, residente no interior. 

A dona de casa Djanete Cristóvão Silva, 49, acredita que foi justo afastar a presidente da república  por achar que ela não participou, mas “sabia de tudo”, disse, referindo-se a esquema de corrupção. Questionada se aprovava a posse de Temer, preferiu apelar a quem acredita ter mais poder: “A solução para o Brasil é Deus”.

A funcionária pública Luzinete Maria da Silva, 58, mostra-se mais otimista. “Sou a favor da saída de Dilma, por causa do desemprego. Tenho duas filhas desempregada. Eu espero que com o novo presidente seja melhor para o povo, que vem sofrendo muito”, observou.

O golpe do parlamento e a eleição indireta de Temer

Quem defende a permanência de Dilma Rousseff na presidência ainda tinha alguma esperança de ver o Senado voltar atrás. A mestranda em educaçã Maiara Rocha, 25 anos, considerou estar vivendo um momento muito triste, que “terá retrocesso para a educação pública”. Esta quarta-feira era um dia importante e de conquista para ela, que defendeu sua tese de mestrado, mas não escondia a preocupação com o futuro do País. “Esse grupo defende a escola sem partido e isso terá repercussão na formação das crianças e jovens”. 

O universitário Ângelo Gabriel França não tem dúvida de que “foi um golpe” e que “usaram uma brecha na Constituição para incriminar Dilma e assim parar a Lava Jato”. Comparou que, enquanto Dilma foi eleita nas urnas, o PMDB, pela terceira vez, estava fazendo “artimanha política para assumir a presidência do País”. Referia-se às posses de José Sarney, que assumiu no lugar de Tancredo Neves, de Itamar Franco, em substituição a Fernando Collor, e agora a Temer, vice de Dilma e acusado pela petista de traição.

O professor João Paulo Oliveira, 28, disse reconhecer “que o PT está pagando pela aproximação com um grupo nefasto”, mas não aprova a saída da presidente. “O projeto alternativo não será benéfico ao povo. Vai impossibilitar conquistas obtidas no governo do PT, vamos retroceder com a flexibilização de direitos trabalhistas e a privatização da saúde”. 

Para a agricultora Mariluce Galdinoi, 54, o julgamento de Dilma foi injusto . “Até agora nada foi provado contra ela. Dilma está saindo por questão política. No governo de Lula e Dilma o pobre pode comprar geladeira, fogão. Ave Maria, não acredito que o Brasil vai ficar com ele (Temer)”, reagiu ao saber da condenação de Dilma Rousseff.

Em enquete feita pelo JC no Twitter, mais de 70% foram contra o impeachment, por motivos muito semelhantes ao das pessoas ouvidas pela reportagem.

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