Após um chamado do presidente Michel Temer, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse, por meio de sua assessoria, que ele só embarcará para Brasília na manhã desta terça-feira (27). A pasta não confirma a convocação de Temer para uma reunião hoje no Palácio do Planalto para que o ministro explique suas declarações sobre a Operação Lava Jato um dia antes da fase que culminou na prisão do ex-ministro dos governos Lula e Dilma Antonio Palocci. Com a negativa do ministro, a reunião acontecerá só amanhã.
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Na agenda no ministro, entretanto, só consta a participação dele na abertura do Congresso de Combate e Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo, na FecomercioSP, pela manhã. À tarde, não há compromissos agendados.
De acordo com interlocutores do presidente, "pegou muito mal" a declaração de Moraes por diversas razões e por isso Temer o convocou para essa reunião. A negativa para a reunião também não foi vista com bons olhos pelo Planalto. Interlocutores do presidente confirmaram que a conversa ficou para amanhã.
Além de trazer para "o colo do governo" um suposto vazamento de operação, a fala de Moraes amplia a crise de comunicação já existente. Na conversa, Temer quer pedir mais cuidado, cobrar explicações e também alertar o ministro que é preciso ter cautela em participação em campanhas eleitorais. "Ele falar demais em campanha é outro fator complicador e o presidente fará recomendações neste sentido", disse uma fonte.
O fato de envolver a Lava Jato, segundo interlocutores, deixa Temer em uma situação delicada já que o governo tem sido acusado de usar politicamente a Operação. "Isso desagradou ainda mais o presidente", disse um interlocutor.
Moraes falou ontem durante evento de campanha de Duarte Nogueira à prefeitura de Ribeirão Preto (SP), em uma conversa com integrantes do Movimento Brasil Limpo (MBL), que uma nova etapa da Operação Lava Jato seria deflagrada nesta semana. "Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim", disse.
Temer foi informado das declarações de Moraes ainda ontem e telefonou para o ministro para entender o que tinha acontecido. Hoje, diante da deflagração da operação e da suspeita de que ele teria "falado demais", o presidente quer essa nova conversa. Ontem, a posição do Planalto era evitar comentários justamente para não trazer mais uma crise para dentro do governo.
Além de Moraes, Temer também chamará outros ministros que têm dado declarações polêmicas para pedir mais cuidado nas suas exposições.