MINISTÉRIO DA SAÚDE

Decisão de STF sobre medicamentos deve levar em conta os impostos, diz ministro

Barros participou da cerimônia de anúncio da incorporação pelo Brasil de um novo medicamento para o tratamento de pacientes com HIV/Aids

Estadão Conteúdo
Cadastrado por
Estadão Conteúdo
Publicado em 28/09/2016 às 15:40
Foto: Agência Brasil
Barros participou da cerimônia de anúncio da incorporação pelo Brasil de um novo medicamento para o tratamento de pacientes com HIV/Aids - FOTO: Foto: Agência Brasil
Leitura:

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que o julgamento, a ser retomado na tarde desta quarta-feira (28) pelo Supremo Tribunal Federal, sobre a obrigação do poder público de fornecer remédios de alto custo a todos os brasileiros, tem de levar em conta não apenas o cidadão que precisa de medicamentos, mas aquele que paga impostos.

"O governo é só o meio desta relação", afirmou Barros, durante uma solenidade realizada no período da manhã. De acordo com Barros, as decisões da Justiça, obrigando a oferta de medicamentos, podem gerar um desembolso somente este ano de R$ 7 bilhões do governo federal, Estados e municípios. "Esse não é dinheiro novo. As ações obrigam gestores a deslocarem recursos de atividades programadas, como vacinação, atenção básica, para outra priorizada pelas ações judiciais", disse. "Neste julgamento, está em jogo o acesso à Justiça, a integralidade e universalidade do acesso à saúde e o limite da capacidade contributiva do cidadão", completou. 

Barros participou da cerimônia de anúncio da incorporação pelo Brasil de um novo medicamento para o tratamento de pacientes com HIV/Aids, o Doultegravir. A droga inicialmente será ofertada para pacientes que estão iniciando o tratamento contra o vírus e para aqueles que já apresentam resistência a outras drogas. Produzido pela GSK, o Doultegravir é um inibidor de integrase. 

Doultegravir

De acordo com o ministério, o remédio traz menos efeitos adversos que a terapia usual e facilita a adesão ao tratamento, porque ele é feito apenas com um comprimido diário, que passará a ser usado em associação com tenofovir e lamivudina. Atualmente, essas duas drogas são usadas em associação ao efavirenz. 

O remédio será distribuído a partir de janeiro. A expectativa é a de que 100 mil pacientes passem a usar o novo esquema de tratamento. O Brasil registra 798.366 casos notificados de aids. A média brasileira é de 40,6 mil casos novos da infecção por ano "Estamos ofertando o melhor tratamento com menor custo", afirmou o ministro ao anunciar a integração da nova droga para HIV/Aids. 

De acordo com Barros, o preço obtido pelo medicamento é o menor registrado no mundo. O desconto obtido nas negociações, informou, foi de 70%. Cada comprimido vai custar US$ 1,5. Serão adquiridas 40 milhões de unidades. "Nossa tarefa é ousar", disse Barros, num discurso que reforça a sua estratégia de imprimir à sua imagem a ideia de eficiência. "Fazer mais por menos", disse. "Nossa linha de atuação é gestão com qualidade." A mensagem é uma tentativa de amenizar as críticas de que, com eventual aprovação da PEC que limita os gastos públicos, o orçamento destinado à Saúde será menor.


Últimas notícias