Cinco obras da Odebrecht em Pernambuco são alvos de investigação da Polícia Federal, dentro da 35ª fase da Lava Jato, a Operação Omertà, a mesma que prendeu, na última segunda-feira, o ex-ministro Antonio Palocci, dos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff. As obras investigadas são o Pier Petroleiro, obras no Complexo de Suape, Rnest, Complexo de PET-POY da PetroquimicaSuape e Arena da Copa. O documento da PF que pede a abertura da investigação não especifica quais obras em Suape estão sendo investigadas.
A portaria assinada pelo delegado da Polícia Federal Filipe Hille Pace, do Paraná, pede a investigação de 38 obras no Brasil e no exterior. Segundo o delegado, foram cometidos crimes de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraude a licitações. Os recursos partiam, segundo a PF, do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que ficou conhecido como “departamento da propina”. O delegado não indica, no entanto, quem seriam os beneficiários dos desvios de recursos das obras.
A nova investigação chega em um momento crucial da campanha eleitoral, quando todo o País vai às urnas domingo para eleger prefeitos e vereadores. O impacto em Pernambuco pode ser direto. A Arena de Pernambuco já é alvo da Operação Fair Play, que investiga desvios e superfaturamento de R$ 48,7 milhões no estádio construído para a Copa de 2014.
Um dos alvos da investigação é o Comitê Gestor de Parcerias Público-Privadas (CGPE), que na época da licitação da Arena, em 2009, era presidido pelo atual prefeito e candidato à reeleição no Recife, Geraldo Julio (PSB), que atuava na gestão do então governador Eduardo Campos (PSB). O atual governador, Paulo Câmara (PSB), era o vice-presidente do Comitê. Nem Paulo nem Geraldo foram alvos diretos da Fair Play, mas sim o CGPE.
Em junho, o juiz Sérgio Moro autorizou o compartilhamento de provas sobre a Odebretch na Lava Jato para a Fair Play. Na época em que a Fair Play foi deflagrada, a Polícia Federal apontou fraude na licitação internacional da obra e um contrato suspeito de superfaturamento. Também em junho, o governo do Estado anunciou a quebra do contrato com a Odebretch, que administrava a Arena. A rescisão gerou um débito de R$ 246,8 milhões do Estado com a empreiteira, para ser pago num prazo de 15 anos. Na época, a Procuradoria do Estado afirmou que o governo estava livre de multa com a empresa e que, caso o contrato permanecesse, o custo para os cofres locais seria o dobro do valor da rescisão.
RESPOSTAS
A assessoria da Odebrecht informou que a empresa não irá se pronunciar sobre o assunto. Procurada, a assessoria de comunicação da Polícia Federal em Pernambuco não atendeu ligações nem retornou as mensagens enviadas pela reportagem do JC.
Em nota, o governo do Estado afirmou que a construção da Arena foi feita de maneira transparente. “O governo de Pernambuco apoia qualquer iniciativa de aferir o zelo com o patrimônio público, marca da nossa gestão. Diante disso, desde já se coloca à disposição para repasse das informações necessárias e quaisquer esclarecimentos acerca desta e de outras obras realizadas no nosso Estado, como tem feito sempre que requerido”, diz o texto.