O deputado federal Paulinho da Força (PSD-SP) defendeu que o governo Michel Temer deixe para enviar a proposta da reforma da Previdência depois que conseguir aprovar a PEC do teto dos gastos no Congresso, que coloca a inflação do ano anterior como barreira para o crescimento das despesas. "O governo tem que tratar assunto por assunto. Não dá para achar que vai aprovar duas reformas importantes de um dia para o outro", afirmou.
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Presidente da Força Sindical, a segunda maior central do País, Paulinho disse que o governo precisa debater o endurecimento das regras para a aposentadoria no País com mais calma. "Se for no afogadilho, não sai", afirmou.
Reforma
A equipe econômica quer que a proposta da reforma seja enviada ao Congresso antes do segundo turno das eleições, mas a ala política prefere postergar. Temer tinha prometido enviar antes do primeiro turno, mas recuou depois da pressão política.
Paulinho também ponderou que Temer tem baixa popularidade. Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta terça, o presidente é reprovado por 39% da população e apenas 14% classificam o governo dele como ótimo ou bom. "Governo sem popularidade não vai muito longe", afirmou o deputado.
Primeira e terceira maiores centrais do País, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) reclamaram de não terem sido convidadas para a reunião com o chefe da Casa Civil sobre a reforma. "Como todo governo golpista, Temer não consegue conversar com quem tem representatividade", ironizou Vagner Freitas, presidente da CUT, que representa 35% dos trabalhadores brasileiros. "A diferença entre mim e ele, é que fui eleito", completou.
Segundo Freitas, a central nunca foi convidada para debater os pontos da reforma da Previdência. "Nada foi discutido conosco", disse. Mesmo assim, pelo que já foi divulgado, o presidente da CUT disse que é contra todos os pontos, como a fixação de uma idade mínima de 65 anos e o aumento da exigência mínima de contribuição, de 15 anos para 25 anos. O presidente da UGT, Ricardo Patah, afirmou que Paulinho não tem procuração para representar todas as centrais sindicais.
O único ponto de consenso no governo sobre a reforma é a fixação da idade mínima de 65 anos para homens e mulheres. O período mínimo de contribuição para a Previdência deve aumentar de 15 anos para 25 anos. Para ter direito ao benefício integral, o governo deve estipular 50 anos de contribuição. As novas regras devem atingir todos os trabalhadores - da iniciativa privada e do funcionalismo público - menores de 50 anos. Acima dessa idade, haverá um "pedágio" de 40% ou 50% sobre o tempo que falta para trabalhar.
Reunião com Padilha
Nesta terça-feira, 4, Paulinho se reuniu com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, responsável pela condução da reforma no governo. De acordo com ele, porém, o tema do assunto não foi reforma da Previdência. O encontro do governo para apresentar os pontos da proposta deve ser na próxima terça-feira, às 17 horas, segundo Paulinho.
Paulinho afirmou que a reunião com Padilha teve como tema a atual situação financeira da fabricante de produtos de cobre Paranapanema. "O encontro foi para enquadrar os fundos e a Caixa na Paranapanema, que passa por dificuldades financeiras e muita demissão", disse Paulinho. A empresa tem como sócios a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), com 24%; Petros (Petrobras), com 12%; e Caixa, com 17%.