O PT irá se reunir, nos próximos dias, para definir a reorganização da legenda após a pior crise que enfrenta desde que foi criada. O partido teve o encolhimento mais representativo no cenário nacional após o resultado das eleições municipais deste ano. Em todo o País, o número de prefeitos eleitos encolheu de 638 em 2012 para 256 este ano. Em Pernambuco, eram 13 prefeituras e a partir de 2017 serão apenas sete. A Executiva nacional do PT se reúne dias 10 e 11 em São Paulo para avaliar o resultado e definir as novas estratégias.
Um dos pontos que será levantado é a antecipação da eleição da mesa diretora. Um novo congresso do partido poderá ser convocado para o primeiro trimestre de 2017 ou até mesmo este ano, para definir se a eleição da nova mesa será por meio indireto, chegando-se a um consenso, ou através de um Processo de Eleição Direta (PED).
O atual presidente nacional da legenda, Rui Falcão, deverá deixar o cargo. Segundo alguns correligionários, ele está ciente e favorável à sua saída. O período de Rui à frente do PT foi um dos dos mais tumultuados para o partido: início e andamento da Lava Jato, vários nomes do partido detidos, o ex-presidente Lula réu em ações da operação e, para finalizar, o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
De acordo com um dos membros da Executiva nacional, Dilson Peixoto, o próprio Rui Falcão defende a antecipação do congresso da legenda. “É preciso que o PT faça uma autoanálise sincera e não apenas busque um bode expiatório para as suas derrotas”, disse.
Secretário-geral do PT-PE, o ex-prefeito João da Costa defende a antecipação do congresso da legenda. “O PT precisará rediscutir a sua estratégia e sua tática a partir das suas derrotas, principalmente o impeachment e as derrotas municipais. O congresso é urgente, não pode continuar da forma como está”, declarou. No entanto, os nomes para substituir Rui Falcão ainda não foram fechados. Fala-se nos bastidores no prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que perdeu a eleição, e dos senadores Humberto Costa (PE) e Lindbergh Farias (RJ).
Se o PT realizar uma nova eleição para a sua direção nacional, obrigatoriamente os Estados também farão a disputa. Pelo estatuto do partido, o calendário local segue o que for definido em plano nacional. Em Pernambuco, a Executiva realiza no dia 19 um seminário em parceria com a Fundação Perseu Abramo um encontro para discutir o futuro da esquerda no Brasil.
EM PERNAMBUCO
O presidente do PT-PE, Bruno Ribeiro, não confirma nem retira sua candidatura, que poderá ser renovada. “Nem estou postulando nem estou abrindo mão. O processo é que vai dizer. Estamos trabalhando há três anos pela unidade do partido”, disse. Segundo ele, foi a preservação desse ambiente que fez o PT chegar ao 2º turno no Recife. Para ele, o resultado “calibra” o partido para 2018.
Outro ponto que o PT-PE precisará discutir é a manutenção da aliança com o senador Armando Monteiro Neto (PTB), que tem feito gestos ao PSDB e DEM. “Não interpreto como um um distanciamento. Vamos continuar dialogando. Ainda é muito cedo para definir como vai ocorrer”, disse Bruno.