Três dias após a queda do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), o presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira (28), que "qualquer fatozinho abala as instituições". Diante de uma plateia de empresários, Temer disse que o Brasil não tem instituições muito sólidas, mas classificou as instabilidades como "passageiras, que não podem ser levadas a sério", sem citar diretamente a crise.
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"É interessante que de vez em quando há uma certa instabilidade institucional, um fato ou outro. Como nós não temos instituições muito sólidas, qualquer fatozinho, me permitam a expressão, abala as instituições e o investidor fica um pouco assustado", discursou o presidente em seminário sobre o futuro do País, em Brasília.
Manifestações
O presidente afirmou também não estar assustado com o crescimento das manifestações que pedem sua saída menos de três meses após assumir o cargo definitivamente (mais informações na pág. A5). "Nós não devemos nos assustar com determinados movimentos que pleiteiam cada vez mais eficiência", disse. "Não temos de nos impressionar com movimentos sociais, com aqueles que postulam, porque são postulações legítimas. Isso só nos faz ficarmos mais atentos ainda para logo alcançarmos o crescimento do País."
Temer pediu apoio dos investidores, sob o argumento de que "o governo não age sozinho". Na véspera da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos, o presidente disse que a confiança está sendo retomada e que a aprovação da proposta será por "boa margem de votos". Para o governo, a votação representa um teste de força no Congresso depois da saída de Geddel, um dos principais articuladores políticos.
Nesta segunda, o presidente assumiu as negociações com os senadores para garantir a aprovação da PEC em primeiro turno, em meio à ofensiva da oposição, que protocolou um pedido de impeachment contra ele. "Essas instabilidades são passageiras e não podem ser levadas a sério porque levado a sério tem que ser o País. (....) Os senhores podem investir. O Estado brasileiro não os decepcionará", discursou Temer no evento.
Indefinição
Na tentativa de evitar desgastes com a base aliada antes da votação da PEC, espinha dorsal do ajuste fiscal, o governo adiou a escolha do substituto de Geddel. Na lista dos cotados para o cargo estão os assessores palacianos Mozart Vianna e Rodrigo da Rocha Loures, além dos deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Baleia Rossi (PMDB-SP), líderes dos seus partidos na Câmara.
Após reunião com Temer, o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que a substituição será decidida "no momento apropriado" e, para evitar disputa entre os partidos, disse que "o cargo não é (necessariamente) do PMDB". "A vaga não é de ninguém", disse ele, o primeiro dos seis ministros que deixaram a gestão Temer desde maio.
Na votação, Jucá calcula que o governo terá entre 62 e 65 votos - número mais expressivo do que o placar do impeachment de Dilma Rousseff em agosto. Na ocasião, foram 61 votos pelo afastamento da petista.
Agenda positiva
O Palácio do Planalto também busca sair da agenda negativa em que o governo se envolveu há dez dias, desde que Geddel foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de pressionar pela aprovação de um empreendimento em Salvador. Geddel deixou o governo na sexta-feira, na esteira de acusações feitas por Calero de que Temer e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, também o teriam pressionado.
A estratégia para "mudar de assunto" passa pela sanção da lei que amplia a participação da iniciativa privada na exploração do pré-sal, em cerimônia hoje no Planalto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.